Indice de Massa Corporal sozinho não define se a pessoa é saudável


O índice de massa corporal (IMC) não é uma medida completa da saúde metabólica, e uma alta proporção de adultos com IMC normal ainda tem obesidade, de acordo com pesquisas apresentadas na Endo 2023, a reunião anual da Sociedade de Endocrinologia em Chicago, nos EUA.

Os estudos destacam a importância de se incluir qual porcentagem do corpo é composta por gordura, músculos, ossos e água, e o quanto de gordura está presente no abdômen em comparação com as coxas, para compreender totalmente os fatores que contribuem para as doenças cardiometabólicas.

Índice de Massa Corporal é só uma das medidas

Entre especialistas, não é nenhuma novidade que o IMC sozinho seja uma medida limitada para avaliar a saúde metabólica de alguém. Mas os estudos apresentados na conferência, além de reforçar essa noção, mostram que existem outras questões que podem interfir nos resultados ao se diagnosticar o sobrepeso e a obesidade.

“Demonstramos que existem diferenças raciais/étnicas na gordura corporal, no IMC e na distribuição de gordura corporal, o que pode fornecer evidências para estudos futuros determinarem se essas diferenças são possíveis fatores contribuintes para as disparidades raciais observadas em doenças cardiometabólicas”, disse o médico e pesquisador Aayush Visaria, da Faculdade de Medicina da Universidade Rutgers.

Visaria e seus colegas avaliaram dados de adultos com idades entre 20 e 59 anos, nos EUA, que fizeram parte do Inquérito Nacional de Exame de Saúde e Nutrição, de 2011 a 2018. As informações incluíam resultados de exames de composição corporal (DEXA), feitos com o mesmo equipamento que faz a densitometria óssea.

Os IMCs foram categorizados por etnia, da seguinte maneira:

não asiáticos

  • abaixo do peso <18.5
  • normal = 18.5-24.9
  • sobrepeso = 25-29.9
  • obesidade ≥30 kg/m2

asiáticos

  • abaixo do peso <18.5
  • normal = 18.5-22.9
  • sobrepeso = 23-27.4
  • obesidade 27.5+

Os pesquisadores estimaram as chances de obesidade entre adultos com IMC normal/sobrepeso, com base no IMC ou na porcentagem total de gordura corporal (BF%) igual ou superior a 25% para homens e igual ou superior a 32% para mulheres. Os participantes foram divididos por raça e etnia (brancos não hispânicos, negros não hispânicos, asiáticos, hispânicos e outros). Eles também estimaram as medidas médias de adiposidade identificadas nos exames DEXA.

Os dados indicaram que:

  • quase 36% dos participantes tinham IMC ≥30 (a definição tradicional de obesidade), mas 74% tinham obesidade de acordo com a BF%.
  • entre os adultos com IMC normal, 44% dos brancos não hispânicos, 27% dos negros não hispânicos, 49% dos hispânicos e 49% dos asiáticos tinham obesidade de acordo com a BF%.
  • entre os adultos com IMC normal, a proporção média de gordura abdominal em relação à gordura nas coxas foi de 0,84 para brancos não hispânicos, 0,85 para negros não hispânicos, 0,89 para hispânicos e 0,91 para asiáticos.

Com isso, eles descobriram que:

  • quase 3 em cada 4 adultos jovens a adultos de meia-idade nos EUA foram considerados obesos de acordo com a BF% dos exames de DEXA.
  • americanos de origem asiática e hispânica com IMC aparentemente normal tinham maior probabilidade de ter obesidade e uma maior proporção de gordura abdominal em comparação com brancos não hispânicos.
  • negros não hispânicos tinham chances significativamente menores de obesidade em faixas de IMC normal/sobrepeso e uma menor proporção de gordura abdominal.

O que levar em conta numa avaliação

Os autores afirmaram esperar que a pesquisa ajude os especialistas a fornecerem um melhor tipo de cuidado aos indivíduos acima do peso. O ideal, segundo eles, é que os médicos utilizem, como rotina:

1) medidas complementares de gordura corporal, como circunferência da cintura ou medições de gordura corporal baseadas em bioimpedância (por exemplo, balanças inteligentes), além do IMC;

2) adotem práticas para evitar preconceitos inconscientes que possam surgir ao cuidar de um paciente com IMC elevado;

3) e tomem decisões clínicas que não se baseiem apenas no cálculo do IMC, mas sim em uma compreensão geral da composição corporal e da distribuição de gordura corporal.

DOUTOR JAIRO/ UOL

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