No final do século XIX, o médico Gerhard Hansen descobriu que a doença, então conhecida como “lepra”, era transmitida por gotículas de secreções das vias aéreas. A descoberta originou uma das políticas de saúde mais rígidas da história – o isolamento dos doentes em “leprosários”. Milhares de pessoas perderam a liberdade, a família, e tantas vezes, a alegria de viver. Porém, a eficácia daquela cruel medida de controle nunca foi comprovada.
A experiência da pandemia atual nos permite voltar no tempo e “entender” os efeitos de uma doença ameaçadora sobre a sociedade. A hanseníase não mata, mas pode causar graves incapacidades físicas. Além disso, difere da COVID-19 por afetar os mais pobres, uma característica das doenças negligenciadas. Por outro lado, pode ser grave não apenas para idosos, mas especialmente para crianças e adultos jovens, expostos ao risco de carregar deformidades físicas por toda a vida.
Infelizmente o Brasil ocupa a segunda posição mundial em número de doentes, com cerca de 28 mil novos casos anualmente. No Rio Grande do Norte, o percentual de diagnósticos tardios com deformidades já instaladas é um dos mais elevados do país.
Janeiro é o mês internacional de combate à hanseníase. Manchas na pele, que evoluem lentamente e não melhoram com os tratamentos prescritos, quadros dermatológicos arrastados diagnosticados como alergia mas sem queixas de coceira, nódulos nas orelhas, dormências e sensações de choques ou agulhadas nas mãos e nos pés, deformidades físicas nas extremidades são sinais de hanseníase.
Hoje dispomos de antibióticos eficazes que curam e impedem a transmissão da doença, porém ainda enfrentamos desafios imensos, como o diagnóstico tardio, o medo e o preconceito, originados da ignorância. Precisamos do interesse dos governantes, de investimentos públicos e privados e especialmente que as informações corretas voem nas asas das redes sociais e tragam a população para o diagnóstico precoce.
Sou portador da doença venho mi tratando e si Deus quiser vou mi curar mas o preconceito é grande ainda o medo das pessoas de chegar perto de nós que temos a doença.