Junho Vermelho e Laranja: hematologista alerta para importância da doação de sangue e diagnóstico precoce de anemia e leucemia


Segundo a especialista, as campanhas de conscientização ganham força durante a estação mais fria do ano, por conta da baixa nos estoques de hemocentros

Em junho, duas campanhas fundamentais à saúde pública ganham destaque: o Junho Vermelho, voltado à conscientização sobre a doação de sangue; e o Junho Laranja, que alerta para a importância do diagnóstico precoce da anemia e da leucemia. A Dra. Marcela Weitzembaur dos Reis, hematologista da Imuno Santos, explica que essas datas são cruciais para reforçar a solidariedade e os cuidados com a saúde do sangue.

“Neste momento, há alguém lutando pela vida seja em uma sala de emergência, em uma cirurgia delicada ou em um tratamento contra a leucemia. Para esses casos, uma bolsa de sangue pode ser a decisão entre a vida e a morte. Uma única doação pode salvar até quatro vidas”, afirma a hematologista.

Embora o número de doadores seja expressivo, cerca de 3,4 milhões de doações de sangue acontecem por ano, segundo o Ministério da Saúde; Marcela esclarece que os estoques costumam cair justamente no inverno, principalmente em junho e julho.

“Isso ocorre por conta de gripes e resfriados que, por vezes, impedem temporariamente a doação, além das mudanças de rotina causadas pelas férias escolares e viagens”, diz a médica.

As doações de sangue são essenciais para hospitais e prontos-socorros em todo o país e, em diversas situações, são indispensáveis. De acordo com a especialista, há alguns cenários e doenças mais frequentes, como tratamentos contra o câncer, principalmente leucemias e linfomas; cirurgias de grande porte, que podem causar perdas sanguíneas significativas; acidentes e traumas graves; complicações obstétricas; queimaduras extensas; distúrbios de coagulação e doenças hematológicas crônicas, como anemia falciforme, hemofilia, talassemia e distúrbios de coagulação.

Quem pode doar sangue?

Para fazer parte dessa corrente, é preciso seguir alguns passos. “O doador precisa ter a partir dos 16 anos, com autorização dos responsáveis; até 69 anos. É necessário pesar mais de 50kg, estar em boas condições de saúde, não apresentar sintomas gripais ou infecções recentes. Na data, a pessoa precisa ainda ter se alimentado nas últimas três horas, mas com pouca gordura, e estar hidratado.

“As doenças não tiram férias. Mesmo no inverno ou durante as festas, os pacientes continuam chegando. Precisamos manter os estoques abastecidos. Quem estiver dentro das características necessárias, é bem-vindo para doar”, destaca a hematologista.

Anemia X Leucemia

Neste mês também se discute a leucemia e a anemia como forma de conscientização, com a campanha Junho Laranja, especialmente, para garantir que pacientes com sintomas semelhantes às doenças tenham um diagnóstico precoce. Cansaço extremo, palidez, falta de ar e infecções recorrentes são sinais que podem indicar tanto anemia quanto leucemia. Apesar da similaridade nos sintomas, as duas doenças são diferentes.

A anemia é caracterizada pela redução da quantidade de hemácias ou dos níveis de hemoglobina no sangue. As causas mais comuns envolvem deficiência de ferro, vitamina B12, perdas sanguíneas ou doenças crônicas. Já a leucemia é um câncer hematológico que tem origem na medula óssea e leva à produção anormal e descontrolada de glóbulos brancos defeituosos, comprometendo a produção das demais células sanguíneas.

“A leucemia pode causar anemia, mas a maioria das anemias não tem relação com o câncer. É importante investigar os sintomas e não subestimar sinais como tonturas, infecções frequentes ou sangramentos fora do comum”, pontua a hematologista.

Segundo a médica, tanto a anemia quanto a leucemia possuem fatores de risco específicos. No caso da anemia, má alimentação, sangramentos crônicos e doenças intestinais ou renais estão entre os principais gatilhos. Já a leucemia pode ter relação com exposição a substâncias tóxicas, histórico prévio de quimioterapia ou radioterapia, síndromes genéticas como a Síndrome de Down, além do tabagismo e histórico familiar de doenças hematológicas.

Tratamentos

De acordo com a Dra. Marcela, o tratamento da anemia vai depender da gravidade. Casos leves costumam ser resolvidos com suplementação e ajustes na alimentação. Já quadros mais graves, como a hemoglobina abaixo de 6 g/dL, podem exigir transfusão de hemácias.

Nas leucemias, o tratamento é mais complexo e pode envolver quimioterapia, imunoterapia e até transplante de medula óssea. Durante o processo, o paciente frequentemente precisa de transfusões de hemácias, plaquetas e até de plasma e crioprecipitado, para prevenir complicações como hemorragias ou distúrbios de coagulação.

“Junho é um mês essencial para reforçarmos duas mensagens que salvam vidas: a importância da doação de sangue e da conscientização sobre doenças como a anemia e a leucemia. As campanhas Junho Vermelho e Junho Laranja nos lembram que, por trás de cada bolsa de sangue, há histórias, famílias e pacientes que dependem deste gesto para continuar lutando”, destaca a Dra. Marcela.

 

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