Leite de mães vacinadas contra Covid pode transmitir grande quantidade de anticorpos ao bebê


Cientistas não sabem se isso previne doença, mas estudo sugere que imunidade materna contra o coronavírus pode ser similar a outras doenças virais.

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Uma nova pesquisa detectou anticorpos contra a Covid-19 nas fezes de bebês amamentados por mães vacinadas contra a doença. Segundo os autores, trata-se de um dos primeiros estudos a constatar que as proteínas produzidas pela vacina podem estar presentes no trato gastrointestinal dessas crianças, o que sugere uma transferência via amamentação similar à que ocorre em outras doenças virais.

A pesquisa, conduzida pela Universidade da Florida e publicada no “Journal of Perinatology“, comparou a presença de anticorpos no leite materno, no plasma das mulheres e nas fezes dos bebês antes e até seis meses depois de as mães receberem a vacina. Essas proteínas foram isoladas em laboratório e colocadas em contato com vírus que usam o mesmo mecanismo do coronavírus — e elas conseguiram neutralizá-lo. Foram avaliadas 37 mães e 25 bebês entre dezembro de 2020 e novembro de 2021.

Sabe-se que o coronavírus infecta o intestino já que ali existem células com receptores usados para invadir o organismo. “A presença dos anticorpos nas fezes sugere que eles estão sendo transmitidos em quantidade suficiente para serem detectados ali, mas ainda não sabemos se isso leva à proteção contra a doença ou não”, ressalva o imunologista Luiz Vicente Rizzo, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Leite materno e proteção

O sistema imunológico dos recém-nascidos é extremamente imaturo e o leite materno é rico em substâncias capazes de protegê-los contra infecções. Por isso, a amamentação é essencial para a prevenção contra doenças, especialmente na idade em que não se pode receber várias vacinas.

“Não sabemos muito sobre a possibilidade de o leite materno das mães vacinadas contra a Covid proteger as crianças, mas esse mecanismo de proteção é o mais importante nos primeiros seis meses de vida. Então, faz sentido que para o SARS-CoV o princípio seja o mesmo que para outras infecções virais”, diz Rizzo.

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