Agosto verde-claro reforça a conscientização sobre esse tipo de câncer no sangue, que é silencioso, de difícil prevenção e apresenta desigualdades no aceso ao tratamento no Brasil
O linfoma é o centro das atenções do mês de agosto, que recebe o laço verde-claro para reforçar a conscientização dessa doença silenciosa, de difícil prevenção e com sintomas que muitas vezes são confundidos com doenças comuns. O linfoma é um tipo de câncer que se origina nos linfócitos, células responsáveis pela defesa do organismo e que atinge o sistema linfático. Quando detectado precocemente, as chances de cura são altas, mas essa nem sempre é uma realidade no Brasil, especialmente entre os pacientes do SUS. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar cerca de 15.120 novos casos de linfoma em 2025. Apesar dos avanços significativos no diagnóstico e tratamento nos últimos anos, a desigualdade no acesso à saúde ainda compromete o prognóstico de muitos brasileiros.
Nos últimos anos, o tratamento do linfoma tem evoluído com a introdução de terapias-alvo, imunoterapias, agentes imunomoduladores e, mais recentemente, as inovadoras terapias com células CAR-T e os anticorpos bi-específicos. Esses tratamentos oferecem mais eficácia, menos efeitos colaterais e alternativas importantes para pacientes em estágio avançado ou que não responderam às terapias convencionais. Porém, essa realidade ainda é restrita ao setor privado. Lorena Bedotti, hematologista do Grupo SOnHe explica que na rede pública, o tratamento do linfoma é feito, em sua maioria, com quimioterapia e radioterapia. “Embora esses métodos ainda sejam eficazes para muitos casos, os pacientes do SUS raramente têm acesso às terapias mais modernas, o que evidencia uma lacuna grave na equidade do tratamento oncológico no Brasil”, alerta a hematologista.
A Lei nº 12.732/2012 garante que todo paciente com câncer inicie o tratamento em até 60 dias após o diagnóstico pelo SUS. Na prática, essa meta muitas vezes não é cumprida. A falta de especialistas, centros de referência e a burocracia no sistema público atrasam o início do tratamento, o que pode ser fatal em casos de linfomas agressivos. Jamille Cunha, hematologista, defende a necessidade urgente de acelerar o início do tratamento no SUS e a incorporação de novas terapias à rede pública. “Diagnosticar a doença em estágios iniciais e oferecer ao paciente o tratamento adequado e rápido é o que se espera seja na rede pública ou privada. São fatores que contribuem muito para a recuperação do paciente”, pontua Jamille Cunha.
Ainda segundo as hematologistas , é fundamental ampliar os centros de atendimento oncológico para o interior do país e investir em campanhas e conscientização aos profissionais da saúde primária, para que o diagnóstico da doença seja feito o mais cedo possível. Por isso, agosto é o mês de lembrar que o linfoma pode atingir qualquer pessoa e que o direito ao tratamento adequado, rápido, eficaz e digno deve ser garantido a todos os pacientes.
Sinais de alerta:
Os sintomas do linfoma são variados e inespecíficos, o que dificulta o diagnóstico precoce. Os mais comuns incluem: aumento de ínguas (gânglios linfáticos) persistentes, principalmente no pescoço, axilas ou virilha; febre sem causa aparente; suor noturno excessivo; perda de peso involuntária; cansaço constante; coceiras no corpo. Ao perceber esses sinais, especialmente se forem persistentes e sem explicação aparente, é fundamental procurar um médico. O diagnóstico é feito por meio de exames como a biópsia, PET-CT e testes moleculares.
Tipos de linfomas:
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), os linfomas não-Hodgkin (LNH) são o nono câncer mais comum na população, principalmente mais velha. No Brasil, famosos já foram diagnosticados com o LNH e tiveram sucesso no tratamento. Dilma Rousseff, Edson Celulari, Jorge Aragão, Reynaldo Gianecchini e Glória Perez são exemplos. Já o linfoma de Hodgkin (LH), ocupa a 20ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes, sendo mais identificado entre adolescentes, adultos jovens e idosos.