Mesmo que você não emagreça, o exercício vale a pena


Praticar exercícios de resistência de maneira regular ajuda a manter a saúde do tecido adiposo subcutâneo, ou seja, daquela camada de gordura que temos embaixo da pele. E isso vale até para quem tem sobrepeso ou obesidade, segundo um estudo publicado na Nature Metabolism.

Muita gente acaba desistindo de praticar atividade física depois de um tempo, ainda mais quando não percebem nenhuma diferença na balança ou na fita métrica. Mas isso é um erro. Além de todos os benefícios que os exercícios trazem para o sistema cardiovascular e para a saúde mental, as células de gordura de quem malha também se tornam mais saudáveis, ainda que a pessoa não perceba.

Segundo o estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Michigan, amostras do tecido adiposo retirada de pessoas com excesso de peso que fazem exercício de resistência com regularidade exibiram diferenças importantes em relação a amostras de indivíduos com peso semelhante que não se exercitavam.

Como o tecido adiposo traz risco?

Os pesquisadores explicam que certas anomalias metabólicas encontradas no tecido adiposo de pessoas com sobrepeso ou obesidade têm sido associadas a várias complicações de saúde.

Essas anomalias incluem escassez de capilares sanguíneos, infiltração de macrófagos que estimulam a inflamação e alterações na função metabólica, incluindo um metabolismo de gordura desregulado.

Problemas como esses podem limitar a capacidade de armazenamento, empurrando a gordura para a circulação sistêmica. Ela pode acabar em órgãos como o fígado — o que causa resistência à insulina em todo o corpo — ou causar inflamação e outras condições relacionadas à obesidade.

Gordura mais saudável

Os pesquisadores que conduziram o estudo recente recrutaram 52 adultos com sobrepeso ou obesidade, dos quais 24 foram classificados como praticantes de exercícios por mais de 2 anos, e 28 como não praticantes.

Desse grupo, foi selecionado um subconjunto de participantes, composto por 16 praticantes de exercícios e 16 indivíduos sedentários. Cada grupo era composto por oito homens e oito mulheres. Os participantes desse subconjunto foram cuidadosamente pareados quanto à porcentagem de gordura corporal e massa gorda e eram “muito semelhantes” em idade, peso corporal e índice de massa corporal.

Amostras analisadas

Os pesquisadores descobriram que o tecido adiposo dos praticantes de exercícios exibia um aumento na angiogênese, ou seja, mais vasos sanguíneos. Além disso, tinha maior capacidade de armazenamento lipogênico, proteínas benéficas, mitocôndrias e uma redução em uma forma de colágeno que pode interferir no metabolismo e causar inflamação.

Além do subconjunto, as células adiposas do grupo maior original também foram analisadas, e a capacidade aumentada de angiogênese e armazenamento lipídico entre os praticantes de exercícios foram confirmadas.

O que isso tudo significa?

A descoberta pode indicar que, caso uma pessoa que se exercita ganhe peso, como acontece com a maioria das pessoas ao envelhecer, a gordura armazenada no tecido adiposo pode encontrar um ambiente mais saudável para se alojar.

Onde mora a gordura?

A gordura no corpo humano é armazenada basicamente em três lugares: logo abaixo da pele no tecido adiposo subcutâneo, nas células de gordura visceral ou abdominal, que podem envolver os órgãos, e dentro dos próprios órgãos.

Dessas três localizações, o tecido adiposo subcutâneo é geralmente considerado o mais benigno, ou seja, o que faz menos mal à saúde. Essa camada de gordura pode, por exemplo armazenar lipídios e triglicerídeos, favorecendo a regulação do metabolismo, como descreve um especialista não envolvido no estudo no site MedicalNewsToday.

Em contraste, o tecido de gordura visceral é conhecido por gerar inflamação, levando à resistência à insulina e, eventualmente, ao diabetes.

A maneira como o corpo de uma pessoa distribui gordura é determinada principalmente pela genética. Homens tendem a depositar gordura mais ao redor da barriga, enquanto as mulheres tendem a armazená-la mais nos quadris, e isso é algo que as pessoas não conseguem modificar.

Mais gordura ao envelhecer

Conforme envelhecemos, muito da nossa massa muscular é substituída por gordura, o que está relacionado a questões como mudanças hormonais e menos atividade física, entre outras.

Fazer abdominais define músculos, mas não elimina a gordura que está alojada em volta da cintura. Em outras palavras, não é possível direcionar a perda de gordura apenas com exercícios. E, ainda que você passe por uma lipoaspiração e remova uma parte das células de gordura, as outras continuarão lá.

É por isso que praticar atividade física regular e ter uma dieta balanceada sempre vale a pena em qualquer fase da vida, independentemente do seu peso ou da quantidade de gordura que você acumula.

DOUTOR JAIRO/UOL

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