Mounjaro bate Ozempic para perda de peso em novo estudo


Análise de dados de vida real mostraram que medicamento da Eli Lilly pode levar a redução até 7,2% maior do peso corporal

O medicamento Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, leva a uma perda de peso mais acentuada e acelerada do que à proporcionada pelo Ozempic, da Novo Nordisk. É o que indica um novo trabalho que comparou a eficácia dos remédios com base em dados de vida real, nos Estados Unidos.

O estudo ainda está em versão pré-print, ou seja, ainda não foi revisado por pares para ser publicado numa revista científica. Ainda assim, trata-se da primeira comparação direta entre os fármacos – que embora desenvolvidos para diabetes tipo 2, são utilizados de forma off label (finalidade diferente da bula) para emagrecimento.

Nos estudos clínicos individuais, ambas as substâncias – a tirzepatida, no caso do Mounjaro, e a semaglutida, no do Ozempic – apresentaram reduções significativas do peso corporal. Para compará-las, o novo trabalho utilizou informações do banco da Truveta, uma empresa de dados operada por um coletivo de 30 sistemas de saúde dos EUA.

Os pesquisadores, ligados à Truveta, analisaram os dados de 18.386 pacientes, que iniciaram o uso dos medicamentos para diabetes tipo 2, com sobrepeso ou obesidade, entre maio de 2022 e setembro de 2023.

As mudanças no peso corporal foram avaliadas em três períodos: 3, 6 e 12 meses após começar o tratamento. No primeiro marco, os pacientes fazendo uso do Mounjaro perderam em média 5,9% do peso; enquanto aqueles que utilizavam o Ozempic tiveram uma redução de 3,6%.

Aos seis meses, o percentual aumentou para 10,1% entre o grupo da tirzepatida, e para 5,9% nos pacientes da semaglutida. No final, após um ano, aqueles que fizeram o tratamento com o Mounjaro perderam em média 15,2% do peso. Já aqueles que utilizaram o Ozempic perderam aproximadamente 7,9%.

Após ajustar os resultados, os pesquisadores estabeleceram que o Mounjaro levou a uma perda 2,3% maior do peso que o Ozempic após 3 meses; 4,3% maior, após 5 meses, e 7,2% maio, após os 12 meses de acompanhamento. Os efeitos adversos, majoritariamente gastrointestinais, como náuseas e vômitos, foram semelhantes em ambos.

Além disso, eles observaram que, ao fim do ano, quase metade (42,3%) dos pacientes que faziam uso da tirzepatida perderam 15% do peso ou mais. No grupo da semaglutida, essa redução foi atingida por somente 1 a cada 5 pacientes (19,3%). Os pesquisadores escrevem que os resultados são consistentes com o observado nos estudos clínicos dos medicamentos.

“Nesta grande análise do mundo real, com correspondência de propensão, os indivíduos com sobrepeso ou obesidade tratados com tirzepatida tiveram probabilidade significativamente maior de alcançar perda de peso clinicamente significativa e maiores reduções no peso corporal em comparação com aqueles tratados com semaglutida”, escrevem.

Ainda assim, ambas as reduções são significativas e têm sido celebradas como uma nova fronteira no tratamento da obesidade. Embora no estudo tenham sido avaliados o Mounjaro e o Ozempic, por terem sido aprovados e disponibilizados há mais tempo, a tirzepatida e a semaglutida já receberam o aval para serem comercializadas oficialmente com a indicação para perda de peso.

A tirzepatida para tratamento da obesidade recebeu o nome de Zepbound, enquanto a semaglutida para o mesmo objetivo recebeu o de Wegovy. No Brasil, por enquanto, apenas o Wegovy tem aval da Anvisa, mas ainda não chegou ao país. A expectativa é de que o medicamento comece a ser vendido nas farmácias em 2024.

Já a indicação da tirzepatida para pacientes com obesidade está em análise desde setembro na agência reguladora. A Eli Lilly não confirma ainda se, caso aprovada, ela também será vendida no Brasil com o nome de Zepbound, como nos EUA, ou se a indicação para obesidade será apenasincluída na bula do Mounjaro – que já tem o sinal verde no país para diabetes.

Isso porque no caso do Mounjaro e do Zepbound os remédios têm as mesmas doses de tirzepatida, e a mudança no nome é apenas uma estratégia comercial devido à finalidade terapêutica. Já no caso do Wegovy e do Ozempic, a versão indicada para obesidade tem uma dosagem de semaglutida superior, lembra a Novo Nordisk.

Por isso, sobre o novo estudo, a farmacêutica destaca, em nota enviada à CNN, que “as doses de semaglutida avaliadas nesta análise não foram investigadas para controle de peso crônico, e não há estudos comparativos que tenham relatado que avaliem Wegovy e tirzepatida”.

Jornal O Globo

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