A própria Mpox, a Covid-19, o Ebola e a gripe suína são algumas das infecções virais que motivaram decretos de emergência internacional em saúde
O Comitê de Emergência convocado pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, para deliberar sobre o cenário da Mpox na África e o risco de disseminação global vai se reunir pela primeira vez nesta quarta-feira às 7h (horário de Brasília).
No encontro, que será fechado e virtual, os especialistas vão analisar o surto da doença na República Democrática do Congo (RDC), causado por uma nova cepa mais letal do vírus. Apenas este ano, já são mais de 14 mil infectados e 500 mortos.
Além disso, vão avaliar o risco de uma nova propagação global da doença, como ocorreu em 2022, depois da identificação de casos provocados pela mesma cepa, que foi batizada de Clado 1b, em países próximos.
Há ao todo 16 especialistas que participarão do comitê como membros ou conselheiros. Entre eles, dois brasileiros: a coordenadora do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Clarissa Damaso, e o pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cidacs/Fiocruz) Eduardo Hage Carmo.
Após a reunião, o comitê dará um parecer ao diretor-geral da organização em que defenderá se a doença configura, ou não, um cenário de emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII), o status mais alto de alerta da OMS.
Com base nas recomendações, caberá a Tedros Adhanom decidir se estabelece, ou não, a situação de emergência. Caso decida decretar a ESPII, essa será a 8ª vez que a organização instaura a medida – e a segunda relacionada à Mpox.
A última emergência a ter sido decretada e a ter chegado ao fim foi a relacionada também à Mpox. A doença já era endêmica em alguns países africanos, como na RDC, mas se disseminou pela primeira vez globalmente e de forma inédita por meio de relações sexuais.
A primeira reunião do Comitê de Emergência foi em junho de 2022, e um mês depois o diretor-geral da OMS decidiu instaurar a ESPII. Naquele ano, a Mpox atingiu todos os continentes habitados, provocando cerca de 85 mil casos e pouco mais de 120 óbitos. O Brasil foi o segundo país mais afetado.
Com a queda de novos casos, em 11 de maio de 2023, quase um ano depois, a OMS decidiu encerrar a emergência, ainda que o vírus não tenha deixado de circular em muitas localidades.
Covid-19 – 2020 a 2023
A pandemia da Covid-19 levou a OMS a instaurar emergência ainda no dia 30 de janeiro de 2020. A crise sanitária, uma das piores da História da humanidade, foi provocada por um novo coronavírus, descoberto em 2019 na China.
Até agora, foram registradas mais de 7 milhões de mortes e 700 milhões de infectados. Porém, com a vacinação, que envolveu a maior campanha já realizada no planeta, os casos e, principalmente, a gravidade da doença diminuíram.
Também em 2023, no dia 5 de maio, a OMS deu fim ao cenário de emergência.
Ebola – 2019 a 2020 e 2014 a 2016
Já houve duas emergências pelo vírus Ebola. A última foi decretada em julho de 2019 devido a um surto na República Democrática do Congo (RDC) e chegou ao fim em junho do ano seguinte.
A anterior foi o surto de maior magnitude que ocorreu na África Ocidental, instaurada entre agosto de 2014 e março de 2016. Ao longo de 28 meses, foram registrados 28.652 casos e 11.325 mortes, com temores de que a doença se espalharia para outros continentes e países.
Zika – 2016
Em fevereiro de 2016, em meio ao aumento de distúrbios neurológicos e malformações fetais devido à infecção de gestantes pelo vírus da Zika, transmitido pelo Aedes aegypti, o diretor-geral da OMS decretou um cenário de ESPII. O status chegou ao fim em novembro do mesmo ano.
Gripe suína – 2009 a 2010
Alguns anos antes, em outro cenário que envolveu fortemente o Brasil, a OMS instaurou emergência de saúde pública devido aos casos de gripe suína H1N1. A doença recebeu esse nome por ser uma nova versão do Influenza que infectava pessoas, porcos e aves.
O surto deixou cerca de 284 mil mortos, e a cepa H1N1 se tornou uma das que causam a gripe sazonal hoje. A ESPII foi decretada pela OMS em abril de 2009 e durou até agosto de 2010.
Poliovírus – 2014 até agora
A pólio é uma doença viral antiga que causa paralisia infantil e foi erradicada em muitos países, como no Brasil, graças à vacinação. No entanto, frente a ainda transmissão internacional do patógeno, a OMS decidiu declarar uma ESPII em maio de 2014, que continua em vigor até hoje. A medida é parte dos esforços para erradicar a doença do planeta.
JORNAL O GLOBO