Médicos reformulam orientações sobre reposição hormonal na menopausa. Saiba o que mudou e quem pode fazer.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em parceria com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Associação Brasileira de Climatério (Sobrac), reformulou as orientações sobre reposição hormonal para mulheres na menopausa. Durante o 79º Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado em Brasília entre 20 e 22 de setembro, especialistas anunciaram diretrizes que visam um tratamento mais personalizado para médicos e pacientes.
A reposição hormonal, indicada para aliviar os sintomas do climatério, como ondas de calor, secura vaginal e alterações no humor, pode ser feita por meio de comprimidos, cremes, adesivos e géis. Para maximizar os benefícios e reduzir os riscos, os médicos recomendam que o tratamento comece nos primeiros 10 anos após o início da menopausa ou antes dos 60 anos.
Sintomas do climatério
Os principais sintomas do climatério incluem:
- Sintomas vasomotores: como sudorese e ondas de calor.
- Alterações no sono: dificuldade em manter um sono reparador.
- Distúrbios de humor: irritabilidade, ansiedade e depressão.
- Síndrome geniturinária: secura vaginal, dor durante relações sexuais e infecções urinárias recorrentes.
A Dra. Glaucia Maria Moraes de Oliveira, presidente do Departamento de Cardiologia da Mulher da SBC, alerta que 20% a 30% das mulheres com sintomas vasomotores não buscam atendimento médico. “Quando procuram, a janela de oportunidade pode ter passado”, afirma. Por isso, ela reforça a importância de iniciar a terapia hormonal cedo.
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Mudanças nas diretrizes
As novas orientações priorizam a individualização do tratamento, considerando a saúde de cada mulher, seus fatores de risco e histórico médico. O tratamento hormonal, embora eficaz no alívio dos sintomas do climatério, deve ser ajustado para atender às necessidades de cada paciente. As diretrizes anteriores, de 2011, recomendavam a reposição hormonal para todas as mulheres com sintomas do climatério, mas a nova abordagem exige uma avaliação mais criteriosa.
Importância da personalização do tratamento
A Dra. Maria Cristina Costa Almeida, cardiologista, explica que o estrogênio, usado na terapia hormonal, beneficia os vasos sanguíneos, melhorando a dilatação e protegendo o sistema cardiovascular. No entanto, o hormônio pode prejudicar mulheres com doenças cardíacas ou fatores de risco elevados.
“Se a paciente já apresenta sinais de doença cardiovascular, não deve começar a reposição hormonal”, diz a Dra. Maria Cristina. Mulheres que já sofreram infarto ou AVC enfrentam riscos elevados e devem evitar essa terapia.
Quem não deve fazer reposição hormonal
A reposição hormonal é contraindicada para mulheres que:
- Sofrem de doenças autoimunes.
- Têm histórico de tromboembolismo venoso.
- Foram diagnosticadas com meningioma.
- Possuem cânceres hormonossensíveis, como câncer de mama e ovário.
A Dra. Glaucia reforça que a terapia hormonal não deve ser usada para prevenir doenças cardiovasculares ou com finalidades estéticas, como o popular “chip da beleza”.
Alternativa mais segura para mulheres com histórico cardíaco
Para mulheres com histórico de problemas cardíacos e que sofrem com sintomas da menopausa, como ondas de calor ou secura vaginal, géis e cremes hormonais podem oferecer uma opção mais segura. Ao contrário dos comprimidos, que são metabolizados pelo fígado antes de entrar na corrente sanguínea, os géis e cremes são absorvidos diretamente pela pele, reduzindo a sobrecarga hepática e os riscos cardiovasculares.
A Dra. Maria Cristina destaca que, para pacientes com histórico cardíaco, “géis e cremes hormonais são uma escolha mais segura, com menor impacto sobre o sistema cardiovascular”.
As novas diretrizes reforçam a necessidade de personalizar a reposição hormonal, avaliando os riscos e benefícios individualmente. O tratamento, quando bem administrado, alivia eficazmente os sintomas da menopausa, mas exige cuidados especiais em mulheres com histórico de doenças cardíacas. A decisão final sobre o uso da reposição hormonal deve ser discutida entre a paciente, o ginecologista e o cardiologista.
Com informações do Metrópoles