O que acontece no seu corpo quando você tem prisão de ventre


Para garantir a boa saúde, o processo digestivo está programado para tirar o máximo proveito dos alimentos ingeridos diariamente. A última etapa desse trabalho é descartar o que já não interessa ao organismo. Quando o sistema excretor não encontra condições para finalizar essa tarefa, um dos sinais de alerta é a prisão de ventre.

Queixa comum nos consultórios médicos de todo o mundo, esse incômodo é também conhecido como constipação ou intestino preso, e pode se manifestar desde os primeiros dias de vida até a idade avançada.

  • O sintoma é mais comum entre as mulheres e os idosos.
  • Para 8 em cada 10 pessoas, a origem do problema é a dieta inadequada, falta de exercício físico e hidratação deficiente.
  • 52% dos indivíduos declaram redução na qualidade de vida.
  • Para 69% deles, o problema já atrapalhou a vida profissional ou escolar.
  • Para 12% foi causa de ausência nesses ambientes.
  • Na população não branca a prevalência é maior.

Ai, como dói!

Quando a prisão de ventre é crônica, isto é, se prolonga no tempo, aumentam os riscos do aparecimento de outros desconfortos. Os mais comuns são cólica e distensão abdominais, esforço ao evacuar, náuseas e alterações no apetite. Para além dessas manifestações, as principais complicações são:

  • Fissura
  • Hemorroida
  • Compactação fecal

Você tem uma fissura, literalmente

A fissura é uma laceração (rompimento) ou ferida na pele que reveste o ânus. A lesão resulta da passagem de fezes duras ou volumosas.

  • Podem aparecer em pessoas de todas as idades e gêneros.
  • Crianças e adultos são os grupos mais afetados.
  • Dor e sangramento estão presentes durante ou depois da evacuação.
  • Esses sintomas podem durar de minutos a horas.
  • A fissura provoca contrações no esfíncter anal.
  • Medicamentos, cremes específicos, supositórios e banhos de assento ajudam a aliviar o desconforto.

Você “pega na veia” da hemorroida

Veias dilatadas na região do ânus ou do reto podem aparecer ou se agravar com a prisão de ventre. Tudo culpa do esforço e do aumento da pressão continuados durante as idas ao banheiro.

  • Dietas pobres em fibras e com baixo consumo de água levam ao endurecimento das fezes e ao aumento do esforço.
  • O resultado é um trauma que induz sangramento.
  • Pode haver dor intensa, coceira em volta do ânus e inchaço local.
  • Esses sintomas tendem a passar em poucos dias, mas há medicamentos que aceleram o processo.
  • A depender da gravidade, pode ser necessária uma cirurgia.
  • Gestantes são mais suscetíveis, seja pelo aumento do peso corporal, seja pela maior pressão na região

Você “liga” o compactador de fezes

Intestino preso crônico pode levar ao endurecimento das fezes que se encontram na última parte do intestino grosso e do reto.

Duro e seco, o cocô fica compactado e forma um tampão que bloqueia o trânsito do excremento restante.

Os médicos definem este quadro como fecaloma. A partir daí, não dá para evacuar de forma natural. Cólicas, dor e inchaço retais, perda de sensibilidade local e piora do quadro são possíveis consequências, que ainda incluem:

  • Incontinência (fecal ou urinária).
  • Saída do reto pelo ânus, que pode ter também como causa o esforço para evacuar (prolapso retal).
  • Retenção urinária, dada a pressão feita sobre a bexiga.
  • Sangramento
  • O quadro é mais frequente entre idosos, especialmente mulheres que vivem em instituições de longa permanência (70%)

Será que sou normal?

Para saber se você tem prisão de ventre é preciso observar como a sua evacuação acontece.  Se as fezes forem duras e secas, tiverem volume pequeno e você ainda sente a sensação de eliminação incompleta quando sai do banheiro, as chances de você ter este sintoma são altas. A definição é do Colégio Americano de Gastroenterologia.

  • Cada pessoa tem seu próprio ritmo.
  • A frequência considerada normal varia de 3 vezes ao dia a 3 vezes por semana.
  • Fazer cocô todos os dias não é obrigatório.
  • A eliminação deve ser indolor e sem esforço

De vez em quando, todo mundo tem

Situações como viagens e estresse podem alterar o seu ritmo intestinal vez por outra. Na maioria das vezes, a prisão de ventre se resolve em alguns dias. E mesmo quando o quadro é mais frequente, ele não traz maiores consequências.

Algumas condições, porém, podem atrapalhar o bom andamento das coisas:

  • Tempo e intensidade da prisão de ventre.
  • Ser idoso.
  • Ser mulher e ter tido mais de um parto.
  • Ter doença de Chagas.
  • Muitos dias e até semanas sem evacuar.

A constipação pode vir acompanhada de outras disfunções como o refluxo gastroesofágico e a síndrome do cólon irritável. Caso o sintoma não melhore por mais de 30 dias, o indicado é fazer uma avaliação médica. A ideia é identificar a causa, tratar corretamente e o mais rápido possível.

Laxante sim, mas com orientação

Ele pode fazer parte do tratamento e até da prevenção da prisão de ventre, mas evite a automedicação. O ideal é que esse uso seja orientado pelo seu médico, que terá melhores condições de indicar as opções mais adequadas para você, considerando as características do seu quadro clínico e do seu histórico de saúde.

 

Probióticos, usar ou não usar?

Os benefícios dos probióticos para a saúde intestinal têm sido observados pelos cientistas nos últimos anos e ainda há muito a ser explorado. Até o momento, não existe um consenso sobre a melhor forma de utilizá-los no tratamento da prisão de ventre.

O que já é unanimidade é que, antes de usar qualquer tipo de probiótico, é preciso adequar os hábitos de vida.

  • Usá-lo de forma isolada não traz benefícios duradouros.
  • A adoção de um padrão alimentar saudável ao longo da vida promove um ambiente adequado, permitindo a manutenção positiva da microbiota.
  • Experiências de sucesso têm mostrado que eles são úteis quando combinados com prebióticos, cujas fontes podem ser de alimentos in natura, como alho, cebola, banana e outros, ou os vendidos na farmácia.

Como fazer sua “harmonização” intestinal

Constipação é sintoma e não doença. E isso tem a ver com vários fatores, como hábitos de vida, sedentarismo, comportamento emocional e psíquico, uso de medicamentos e outras substâncias, além do desequilíbrio de microrganismos da flora intestinal, entre outros.

Essa complexidade, por si só, indica a necessidade da investigação das possíveis causas do problema quando ele se prolonga por mais tempo. Se o quadro aparece só de vez em quando, a dica é melhorar o padrão alimentar.

  • Como regra geral, seja proativo: prefira alimentos frescos e naturais ou minimamente processados; evite alimentos ultraprocessados (refrigerantes, biscoitos, etc.).
  • Beba mais líquidos, principalmente água.
  • Coloque mais movimento no seu dia a dia.

Caso prefira ter acompanhamento especializado para não perder o foco, comece fazendo uma avaliação com um profissional da nutrição em alguma UBS (Unidade Básica de Saúde) próxima da sua casa, ou marque uma consulta na rede privada.

 

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