Composto por dois anticorpos produzidos em laboratório, tratamento foi avaliado nos EUA em testes clínicos de fase 3, com 1.505 pessoas
Foram divulgados nesta segunda-feira (12) os resultados da fase 3 dos testes clínicos com um coquetel constituído por dois anticorpos: casirivimab e imdevimab. Ambos são monoclonais, o que significa que são proteínas fabricadas em laboratório, a partir de células vivas, para bloquear a infecção pelo vírus Sars-CoV-2.
Fruto de uma parceria entre as farmacêuticassa Regeneron Pharmaceuticals, dos Estados Unidos, e Roche, da Suíça, o coquetel se demonstrou capaz de reduzir em 81% os casos sintomáticos de Covid-19 em pessoas que vivem na mesma casa que indivíduos diagnosticados com o novo coronavírus.
Como funciona?
Os dois anticorpos monoclonais que formam o coquetel Regen-Cov se ligam ao receptor da proteína spike do vírus da Covid-19. É essa estrutura que permite a penetração do coronavírus nas células humanas e, com a adesão dos anticorpos, a capacidade do Sars-CoV-2 causar uma infecção diminui.
Em comunicado, a Regeneron Pharmaceuticals conta que esse mecanismo também impossibilita até mesmo de vírus mutantes escaparem do tratamento, o que pode ajudar a proteger pacientes medicados com o coquetel contra diferentes variantes do Sars-CoV-2.
“É importante ressaltar que, até o momento, Regen-Cov demonstrou in vitro reter sua potência contra variantes emergentes de preocupação [como as identificadas inicialmente em Manaus e no Reino Unido]”, comenta Myron Cohen, líder do estudo e diretor do Instituto de Saúde Global e Doenças Infecciosas da Universidade da Carolina da Norte, nos Estados Unidos.
Teste clínico
É importante lembrar que, diferentemente do “kit covid” (composto por cloroquina, azitromicina, ivermectina e a flutamida), prescrito por muitos médicos no Brasil sem qualquer tipo de comprovação científica, o coquetel Regen-Cov ainda passa por testes rigorosos para atestar sua eficácia e segurança.
Na pesquisa mais recente de fase 3, participaram 1.505 pessoas, com idade média de 44 anos. Dessas, 31% tinham ao menos um fator de risco para Covid-19; 33% eram obesos e 38% tinham 50 anos ou mais.
A pesquisa revelou que uma dose do coquetel, administrada por injeção subcutânea em 753 pessoas, reduziu em 81% o risco de casos sintomáticos de Covid-19, considerando indivíduos que não apresentavam anticorpos para a doença e viviam na mesma residência que alguém que havia sido infectado pelo coronavírus quatro dias antes.
Os demais participantes dessa última amostra apresentaram sintomas leves e menos duradouros, por cerca de uma semana. Os outros 752 voluntários receberam doses de placebo, para comparação.
Notou-se que 20% das pessoas que tomaram o coquetel tiveram eventos adversos, ante 29% das que receberam apenas o placebo. Reações graves foram raras: apenas 1% das pessoas injetadas com o coquetel tiveram esse problema, mesmo percentual do placebo.
Casos de hospitalização só ocorreram com participantes que não tomaram o tratamento e contraíram o coronavírus. Reações no local de injeção, por sua vez, se deram em 4% das pessoas que receberam o coquetel, sendo registradas em apenas 2% do outro grupo.
Vale citar também que ocorreram duas mortes entre aqueles que receberam o tratamento, mas, segundo a Regeneron, os incidentes não têm relação com os anticorpos aplicados ou a Covid-19.
REVISTA GALILEU