Dia Mundial sem Tabaco alerta sobre os perigos do vape e como a indústria tem seduzido crianças e adolescentes com produtos “moderninhos” e altamente viciantes
Você já reparou como o cigarro eletrônico virou moda entre os mais jovens? Com embalagens coloridas, sabores atrativos e um nome que remete à tecnologia, o “vape” tem conquistado um público que nem sequer chegou à vida adulta. Neste Dia Mundial sem Tabaco, a pneumologista dra. Suzianne Pinto lança um alerta preocupante: estamos vivendo um retrocesso.
Segundo a médica, o número de fumantes voltou a crescer no Brasil após anos de queda, impulsionado pela falsa ideia de que o cigarro eletrônico seria inofensivo — o que, segundo ela, “é uma das maiores mentiras propagadas pela indústria do tabaco”.
O retrocesso brasileiro no combate ao tabagismo
Após décadas de avanços com políticas públicas, campanhas educativas e leis que restringem o tabagismo, o Brasil agora observa um crescimento alarmante no número de fumantes, em especial entre os jovens. Um dos motivos? A popularização dos cigarros eletrônicos.
“O vape vem com essa roupagem de produto moderno, que não faz mal, mas é extremamente danoso. É como se estivéssemos voltando no tempo”, afirma a médica.
Vape: um perigo mascarado de tecnologia
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Nome “eletrônico” que atrai a geração digital
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Designs com personagens infantis, como Smurfs e Minions
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Sabores agradáveis e aromatizantes que mascaram os riscos
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Alta concentração de nicotina, muitas vezes maior que a dos cigarros comuns
“O cigarro eletrônico pode atingir até 400 graus Celsius. Mesmo que fosse só vapor d’água, isso já seria prejudicial. Mas, além disso, há nicotina, metais pesados e substâncias cancerígenas”, alerta dra. Suzianne.
Fumantes cada vez mais jovens e mais doentes
A médica afirma que já atende em seu consultório adolescentes de 14 e 15 anos com problemas pulmonares graves, como bronquite difusa e inflamações em toda a via respiratória.
“Antes, víamos DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) em pessoas com mais de 40 anos. Agora, estamos diagnosticando isso em jovens de 25.”
Sinais de alerta para quem usa cigarro eletrônico
Se você usa vape e apresenta algum desses sintomas, procure um profissional de saúde:
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Tosse persistente (por mais de oito semanas)
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Catarro constante
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Falta de ar em atividades simples
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Dor no peito ou sensação de aperto
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Crises de rinite, dermatite ou otite
Casos mais extremos já relatados incluem convulsões, necrose do esôfago e sintomas neurológicos severos.
A estratégia da indústria: sedução e desinformação
Dra. Suzianne destaca que a indústria do tabaco tem investido pesado em publicidade velada, em matérias que tentam pintar o vape como “menos nocivo” ou até mesmo como uma “alternativa para parar de fumar”.
“Não se iluda. A indústria está vendendo doença. O vape não ajuda a parar de fumar. Pelo contrário, ele aumenta em três vezes a chance de a pessoa migrar para o cigarro tradicional.”
Diálogo e informação: as armas contra o vape
A médica reforça que o diálogo entre pais e filhos é essencial para prevenir o vício.
“O adolescente não quer ser julgado. Ele precisa ser ouvido, compreendido e orientado com responsabilidade.”
Além disso, ela recomenda buscar informações em fontes confiáveis, como:
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Médicos de confiança
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Portais de saúde reconhecidos
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Bancos de dados científicos como o PubMed