O pâncreas é essencial para a vida e a saúde. Este pequeno órgão fica atrás do estômago e tem duas funções principais: produz enzimas digestivas que decompõem os alimentos e hormônios como a insulina e o glucagon, que controlam o açúcar no sangue.
Hábitos cotidianos como o consumo excessivo de álcool e uma alimentação inadequada podem danificar o pâncreas gradualmente. Uma vez lesionado, as consequências podem ser graves e incluem inflamação, diabetes e, em alguns casos, câncer.
Diversos fatores comuns relacionados ao estilo de vida podem sobrecarregar o pâncreas:
1. Álcool
O consumo excessivo e regular de álcool é uma das principais causas de pancreatite. A pancreatite aguda causa dor abdominal intensa, náuseas e vômitos, e frequentemente requer internação hospitalar. Episódios repetidos podem evoluir para pancreatite crônica, na qual a inflamação prolongada e a formação de cicatrizes reduzem permanentemente a função pancreática. Isso pode levar à má absorção de gorduras, vitaminas e outros nutrientes, diabetes e maior risco de câncer de pâncreas. Os pesquisadores têm diversas teorias sobre como esse dano ocorre.
O álcool pode fazer com que enzimas digestivas como a tripsina, que normalmente atuam no intestino delgado, sejam ativadas dentro do pâncreas antes de chegarem ao intestino. Em vez de digerir os alimentos, elas digerem o tecido pancreático e desencadeiam uma inflamação grave.
Ele também torna o suco pancreático mais espesso e viscoso. Esses fluidos mais espessos podem formar tampões de proteína que endurecem, transformando-se em cálculos e bloqueando pequenos ductos. Com o tempo, isso causa irritação, cicatrizes e perda de células pancreáticas. Quando o pâncreas metaboliza o álcool, produz uma substância química tóxica chamada acetaldeído, que irrita e danifica as células, além de desencadear inflamação.
O álcool também estimula a liberação de mensageiros químicos que ativam a inflamação e a mantêm ativa. Isso aumenta a probabilidade de danos aos tecidos.
As diretrizes recomendam não consumir mais de 14 unidades de álcool por semana. O mais seguro é distribuir esse consumo ao longo de vários dias e evitar o consumo excessivo em um curto período de tempo.
2. Fumar
Fumar aumenta o risco de pancreatite aguda e crônica. A pancreatite aguda se desenvolve repentinamente, com dor intensa e mal-estar. A pancreatite crônica se desenvolve ao longo de muitos anos, e a inflamação repetida causa danos permanentes. Diversos estudos mostram que quanto mais se fuma, maior o risco. Outro estudo constatou que parar de fumar reduz significativamente o risco e, após cerca de 15 anos, o risco pode se aproximar do de um não fumante.
O tabagismo também está fortemente associado ao câncer de pâncreas. Os cientistas ainda não compreendem completamente todos os mecanismos envolvidos, mas estudos laboratoriais mostram que a nicotina pode desencadear aumentos repentinos de cálcio dentro das células pancreáticas. O excesso de cálcio prejudica as células e agrava a inflamação. A fumaça do tabaco também contém substâncias cancerígenas que danificam o DNA.
Uma das primeiras alterações genéticas no câncer de pâncreas envolve um gene chamado Kras, que funciona como um interruptor que controla o crescimento celular. Em mais de 90% dos casos de câncer de pâncreas, esse gene está mutado, o que trava o interruptor de crescimento na posição “ligado” e estimula o crescimento celular descontrolado.
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3. Alimentação
A alimentação afeta o pâncreas de diversas maneiras. O consumo excessivo de gordura saturada, carne processada ou carboidratos refinados aumenta o risco de problemas pancreáticos.
Uma das principais causas de pancreatite aguda são os cálculos biliares. Os cálculos biliares podem obstruir o ducto biliar e aprisionar enzimas digestivas dentro do pâncreas. Quando as enzimas se acumulam, começam a danificar o órgão. A dieta contribui para a formação de cálculos biliares, pois altos níveis de colesterol tornam a bile mais propensa a formar pedras.
Outro tipo de gordura presente no sangue são os triglicerídeos. Quando os níveis de triglicerídeos se elevam muito, grandes partículas de gordura conhecidas como quilomícrons podem obstruir pequenos vasos sanguíneos no pâncreas. Isso reduz o suprimento de oxigênio e desencadeia a liberação de ácidos graxos nocivos que irritam o tecido pancreático.
Picos frequentes de açúcar no sangue, causados por alimentos ricos em açúcar, também sobrecarregam o pâncreas. Aumentos constantes de insulina ao longo do tempo reduzem a sensibilidade à insulina e podem aumentar o risco de câncer pancreático.
4. Obesidade
A obesidade aumenta o risco de pancreatite aguda, pancreatite crônica e câncer de pâncreas. A gordura pode se acumular dentro e ao redor do pâncreas, uma condição chamada esteatose pancreática ou doença pancreática gordurosa não alcoólica . Esse acúmulo pode substituir células saudáveis e enfraquecer o órgão.
O excesso de gordura corporal também aumenta os níveis de moléculas pró-inflamatórias, como TNF-alfa e IL-6 , criando uma inflamação prolongada que favorece o crescimento tumoral. A obesidade prejudica a sensibilidade à insulina e os sinais hormonais provenientes do tecido adiposo. Cálculos biliares são mais comuns em pessoas obesas e podem aumentar o risco de pancreatite.


