Durante o processo de tratamento do câncer de mama, inúmeras transformações físicas e hormonais ocorrem no organismo da mulher. Apesar de ser algo comum nesta batalha pela cura, ainda pouco se fala sobre o quanto essas mudanças impactam na sexualidade da paciente. De acordo com a mastologista Dra. Natália Cordeiro, é preciso atenção a este assunto, a fim de melhorar a qualidade de vida destas mulheres.
Uma potencial consequência do tratamento na sexualidade feminina é a disfunção sexual – que está ligada à redução do desejo e à dificuldade de excitação. Segundo a médica, é preciso lembrar que, mesmo com os avanços científicos que minimizam esses efeitos, eles existem e são inerentes ao tratamento. “As mudanças hormonais e a manipulação cirúrgica, principalmente as mais extensas, podem agravar o quadro e, por isso, merecem atenção e nunca devem ser desprezados”, explica.
Um dos fatores que ajudam a explicar estas consequências à qualidade de vida e até mesmo o surgimento de sintomas depressivos e ansiosos é o grande peso simbólico das mamas no conceito de feminilidade. “Muitas pacientes sentem que o seu feminino está ferido e essa junção de condições físicas e psicológicas deve ser trabalhada para que resultados mais completos sejam obtidos”, enfatiza.
Deixar de olhar para o assunto pode gerar sequelas para a vida após o tratamento. Natália lembra que, para evitar isso que se concretize, é indicada uma abordagem médica multiprofissional que garanta à mulher liberdade em expor seus medos e angústias sobre o assunto.
“O médico precisa estar atento para perceber o problema desde o início e isso pode ser identificado por meio de sinais, perguntas indiretas ou mudanças de temperamento. Para facilitar essa identificação, é sempre bem-vinda a ajuda de outros profissionais como psicólogos que auxiliam nesta jornada de cura sem julgamentos”, reforça.