O pé plano, também conhecido como “pé chato”, faz parte do desenvolvimento da maior parte das crianças. A condição não causa dor ou limitação para andar e praticar atividades esportivas, mas frequentemente é motivo de preocupação dos pais, que acabam procurando orientação médica.
O presidente da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), Dr. José Antônio Veiga Sanhudo, explica que boa parte desses casos trata-se apenas de uma variante normal do formato do pé, assim como as pessoas apresentam variantes normais de outras características físicas, como os tipos de cabelo – lisos, ondulados ou crespos, por exemplo.
“A correção da deformidade através da evolução do arco do pé pode ocorrer de forma natural de acordo com o amadurecimento musculoesquelético, devido ao aumento da resistência das estruturas ligamentares, que deixam de ser tão elásticas. Cerca de 97% das crianças apresentam pés planos aos 2 anos de idade, 25% aos 6-7 anos, mas somente 4% apresentam essa condição após os 10 anos”, fala o especialista.
Quando há dor ou desgaste irregular dos calçados, o uso de palmilhas pode ser indicado. Elas são utilizadas em casos selecionados, com o objetivo de acomodar o pé e possivelmente aliviar os sintomas, ressalta o Diretor da Regional São Paulo da ABTPé, Dr. Danilo Ryuko Cândido Nishikawa. “Mas é importante salientar que não têm a função de corrigir o pé plano”.
Sinal de alerta
Embora a maioria dos pacientes apresente o chamado pé plano flexível idiopático, o médico ressalta que é preciso ter em mente a possibilidade de o pé plano estar associado a algum problema sério, sendo o mais comum a coalizão tarsal. “A coalizão tarsal é uma malformação congênita presente em apenas 1% da população, caracterizada por uma ligação óssea ou cartilaginosa anômala entre dois ossos do pé. A sua apresentação clínica mais comum é a presença do pé plano associado à limitação de movimentos como a inversão e eversão do pé, que se torna doloroso em torno dos 10-12 anos de idade, período que coincide com a fase de aceleração da maturação esquelética”, explica Nishikawa.
Diante disso, somente a avaliação detalhada com um médico ortopedista é capaz de diferenciar um pé plano flexível idiopático ou normal, que requer apenas acompanhamento, de um pé plano com alguma patologia que possa precisar de abordagem cirúrgica. “O diagnóstico correto é fundamental antes do início de qualquer forma de tratamento”, conclui Dr. Sanhudo.