Um estudo dos EUA mostra que emagrecer de forma não intencional está associado a maior risco de ter um diagnóstico de tumores; avaliação médica e essencial
Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein
A perda de peso sem nenhuma razão deve ser um sinal de alerta e pode estar associada ao diagnóstico de tumores, reforça um novo estudo do Dana-Farber Cancer Institute, nos Estados Unidos, que foi publicado no Journal of theAmerican Medical Association (Jama).
Sabe-se que os pacientes com câncer costumam perder peso, mas os autores queriam entender se a taxa de diagnósticos da doença era maior entre quem havia emagrecido recentemente de forma não intencional. Para isso, avaliaram dados de mais de 150 mil profissionais de saúde, que foram monitorados por 28 anos. A cada dois anos, os voluntários responderam questionários sobre atividade física e alimentação, o que permitiu aos cientistas analisarem comportamentos que poderiam ser responsáveis pelo impacto na balança. Aqueles que apresentaram uma perda acima de 10% do peso corporal tiveram maior risco de ter um diagnóstico de câncer no período de 12 meses após o emagrecimento. No estudo, a perda foi associada a doenças em estágio precoce e avançado.
Segundo Ludmila Koch, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, a perda de peso pode ser o primeiro sintoma perceptível do câncer. “Ela está presente em até 40% das pessoas ao serem diagnosticadas, e mais de 80% dos pacientes com câncer avançado perdem peso.”
A médica explica que isso acontece porque a doença provoca a liberação de citocinas pró-inflamatórias e substâncias como a interleucina 6, que são compostos que fazem com que as células do corpo se destruam. Isso pode ocorrer em estágios iniciais, mas é mais comum nos avançados.
Quando a perda de peso deve ser uma preocupação?
A perda de peso saudável envolve a intenção de perder peso, ou uma mudança de hábitos, como o aumento da atividade física e a redução da ingestão de calorias. Ela é considerada preocupante quando há a perda de 4,5 kg, ou 5% do peso corporal, entre seis e 12 meses, e sem motivo aparente.
“A perda de peso, somada ao aparecimento de algum sintoma novo e persistente, como tosse, dor, sangramento vaginal ou retal, cansaço não habitual, dor de cabeça e dor epigástrica (dor na boca do estômago), deve ser um motivo de alerta”, explica a médica.
Ela ressalta que a atenção deve ser ainda maior se a pessoa tiver algum fator de risco para câncer, como tabagismo, obesidade, histórico familiar de câncer, exposição a substâncias tóxicas e ao vírus HPV (papilomavírus humano).
Vale lembrar que há várias condições que podem levar à perda de peso e somente o médico é capaz de avaliar as causas. É o caso de alterações que promovem o chamado estresse catabólico ou inflamatório e um maior gasto energético, como certas doenças pulmonares, hipertireoidismo, doença inflamatória intestinal, doenças infecciosas e parasitárias, diabetes e depressão.