Perfume íntimo, como lançado por Anitta, pode fazer mal à saúde da vagina?


A cantora Anitta anunciou nas redes sociais o lançamento de um perfume íntimo que pode ser usado na vagina, ânus e pênis. É para quem quer ter a “pepeka de milhões”, brincou a artista. “Agora vocês vão poder sentir de perto porque que todo mundo corre atrás da minha ‘larissinha'”, escreveu no Twitter.

Pode parecer engraçado e até erótico e sexy usar perfume na região íntima para atrair um parceiro sexual ou apimentar a relação, mas, segundo médicos, não é uma boa ideia borrifar substâncias numa região tão sensível, principalmente na vagina —que é a parte interna da região íntima—, que tem mucosa.

“Qualquer tipo de cosmético pode ser irritativo para essa região, ela é mais vulnerável”, afirma Naira Scartezinni Senna, ginecologista e obstetra da Santa Casa de São Paulo. “Esses produtos podem alterar a quantidade de secreção vaginal, o aspecto da secreção vaginal, podem gerar irritação e alergia”, diz.

Nem a vulva, que é a parte externa da região íntima feminina, deve receber as borrifadas. “Ela é muito próxima dos pequenos lábios e do introito vaginal”, explica Carla Iaconelli, médica ginecologista e obstetra.

“Basta manter uma boa higiene”, aconselha Iaconelli. “Vagina, nem vulva não precisa de perfume”, afirma. Em momentos íntimos, um perfume diferente pode chamar a atenção, mas deve ser usado apenas na pele e não diretamente na região íntima, seja ela qual for, porque pode gerar alergias e coceiras.

“Se a sua região íntima não cheira bem, você deve procurar um médico e não passar um perfume”, diz Iaconelli. “Algumas infecções, fungos e doenças podem gerar um mau cheiro, é um alerta de que a saúde íntima não está bem.”

A vagina, explica a médica, é “autolimpante”. Apesar das prateleiras de farmácia estarem cheias de produtos para higiene íntima, no dia a dia, basta lavar com água e sabão neutro, aqueles de glicerina mesmo. “É errado lavar por dentro”, alerta a médica. “Passar qualquer coisa dentro da vagina pode alterar a flora vaginal, que é importante para se manter saudável”, explica.

Até mesmo uso de amaciantes para lavagem de roupas íntimas deve ser evitado, diz Senna, porque ele tem corantes e perfumes que podem ser nocivos para a região íntima.

Além de perfumes e sabonetes, Iaconelli também alerta sobre o uso de hidratantes: só deve ser feito com orientação de um ginecologista. “Durante a menopausa, a mulher pode sofrer com a secura na região e pode precisar de um hidratante, mas são produtos que devem ser indicados por um médico”, diz.

Lubrificantes também podem ser usados em caso de falta de lubrificação na hora da relação sexual, mas devem ser sempre neutros, à base de água, sem cheiro, sem cor e sem corantes, aconselha a ginecologista. “A função deve ser lubrificar e não perfumar”, afirma. Nesses casos, também é importante investigar as causas da falta de lubrificação durante o ato sexual.

Para a médica, o perfume da Anitta e outros cosméticos para a região da vagina, são uma moda e não uma necessidade. “As mulheres vivem ouvindo que a vagina é suja e acham que precisam de vários produtos para limpar, mas não precisam, elas têm que se aceitar como são”, opina. “É apenas uma insegurança.”.

VIVA BEM/ UOL

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