O estudo Recovery avaliará o potencial do medicamento empagliflozina em pacientes hospitalizados com a infecção. Entenda seu potencial
Alexandre Raith, da Agência Einstein
O estudo Recovery, fruto de uma parceria entre o governo do Reino Unido e a Universidade Oxford, iniciou mais um braço de pesquisa, dessa vez para investigar a possível eficácia da empagliflozina no tratamento para Covid-19. Esse medicamento já é utilizado para tratar diabetes tipo 2, doença renal crônica e insuficiência cardíaca.
Os pesquisadores pretendem verificar se a droga é capaz de proteger os órgãos dos danos causados pelo Sars-CoV-2, o que aumentaria a chance de recuperação de pacientes hospitalizados. Sabe-se que ela inibe a ação de moléculas conhecidas como SGLT-2 — no caso do diabetes, isso ajuda a eliminar o excesso de glicose pela urina. Acontece que, durante uma infecção viral, acredita-se o bloqueio dessas moléculas ajudaria a estabilizar certas vias metabólicas, reduzir a inflamação, melhorar a função do coração e aumentar o transporte de oxigênio no sangue.
Cerca de 5 mil pacientes internados com Covid-19 participarão do estudo. A dosagem diária será de um comprimido de 10 mg. Além de avaliar o risco de morte, os pesquisadores querem descobrir se o medicamento diminui o tempo de internação hospitalar ou denecessidade de um ventilador mecânico.
O que já se sabe
Outro medicamento que inibe a SGLT-2 e é usado contra o diabetes tipo 2 — a dapagliflozina — foi testado recentemente no contexto da Covid-19. Coordenado pela Academic Research Organization (ARO) do Einstein em parceria com outras instituições e publicado no periódico de The Lancet, o estudo incluiu 1 250 voluntárioshospitalizados em decorrência da infecção, sendo que todos possuíam diabetes ou outro fator de risco para problemas cardiovasculares. Resultado: é seguro usar a dapagliflozina durante a internação por Covid-19 entre esses pacientes.
Essa mesma pesquisa chegou a sugerir algum benefício contra a Covid-19, mas os resultados não foram estatisticamente significativos. Mais um motivo para avaliar a empagliflozina e verificar se essa classe de medicamentos traz alguma vantagem nesse contexto.
O Recovery
Esse é o maior ensaio clínico mundial de tratamentos para pacientes hospitalizados com Covid-19, com cerca de 40 mil voluntários de Reino Unido, Nepal e Indonésia. O Recovery já demonstrou que a dexametasona (um corticoide) reduz a mortalidade entre pacientes em estado grave com Covid-19, por exemplo. E que hidroxicloroquina e azitromicina não ajudam no tratamento.
Além da empagliflozina, os medicamentos baricitinibe(originalmente usado para artrite reumatoide) e fumarato de dimetila (indicado para psoríase e esclerose múltipla) estão sendo investigados pelo grupo para o tratamento do coronavírus.