Pesquisadores apresentam novos dados do modelo de disseminação da Covid-19


Um novo artigo científico desenvolvido por pesquisadores de diferentes departamentos da UFRN, em parceria com colaboradores de instituições estrangeiras, reforça o alerta dado por cientistas pela implantação de um isolamento social horizontal, que alcance pelo menos 70% da população, como forma de amenizar um colapso do sistema de saúde do país frente a pandemia do COVID-19 nas próximas semanas.

O artigo COVID-19 pandemics modeling with SEIR(+CAQH), social distancing, and age stratification. The effect of vertical confinement and release in Brazil foi submetido para o periódico científico PLOS One, um dos maiores periódicos em medicina e que tem publicações na área de epidemiologia matematica

O trabalho tem como autores os professores José Dias do Nascimento (DFTE-UFRN), Ricardo Valentim (LAIS-UFRN), Kenio Costa de Lima (Instituto Envelhecer-UFRN) e do médico epidemiologista, Dr. Ion Andrade (LAIS-UFRN), além do pesquisador da New Mexico State University, Prof. Wladimir Lyra. O grupo analisou os dados produzidos no país nos últimos meses através de modelos físico-matemáticos, simulando os resultados que seriam alcançados nas próximas semanas tanto pelo isolamento horizontal (de toda a população), como pelo vertical (apenas grupos específicos).

Um dos pesquisadores, José Dias, explica que o isolamento que já foi feito no país gerou resultados positivos até agora, diminuindo a previsão de óbitos apresentadas por modelos em que os governos não tomassem nenhuma atitude para frear a mobilidade das pessoas e confirmando os dados apresentados nos primeiros estudos realizados para o caso brasileiro. No entanto, um afrouxamento das medidas seria muito perigoso.

“Na ausência de testes os modelos são a única forma de entender melhor o sistema dinâmico que se apresenta. Esses modelos apresentam evidências reais do impacto do isolamento social nas curvas de óbito e de crescimento dos casos, de forma que sem os testes passivos, sem testar toda a população os modelos são como uma lanterna, que pode clarear o futuro e as ações que já foram feitas”, afirma Dias.

O trabalho desenvolvido na UFRN prevê que o pico de casos no Brasil deve acontecer no dia 1º de maio. O artigo conclui explicando que “um bloqueio vertical pode não ser viável de se implementar, uma vez que os idosos não estão adequadamente distanciados dos mais jovens de suas famílias e/ou de seu círculo social, e a infecção não pode ser evitada se os mais novos forem expostos”.

“Nossos resultados baseados em simulações e dinâmica de outros países desencorajam o confinamento vertical por idade como a estratégia de saída e sugere isolamento horizontal maior que 70%. Sugerimos também urgência às autoridades brasileiras em tomar medidas para impedir a disseminação do vírus nas próximas semanas, que serão críticas”, concluiu cientista.

Os pesquisadores da UFRN também estão fazendo análises dos modelos específicos para o Rio Grande do Norte, com o intuito de oferecer aos gestores públicos dados mais precisos sobre a situação local.

por Cyro Souza de Ascom/IIF

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