Pesquisadores brasileiros descobrem que aroma do café pode diminuir o vício em cigarro; entenda


Estima-se que existam 1,1 bilhão de fumantes no mundo, o tabaco vitimiza mais de 8 milhões de pessoas no mundo por ano

Estima-se que exista 1,1 bilhão de fumantes no mundo, o tabaco vitimiza mais de 8 milhões de pessoas no mundo por ano — mais de 7 milhões dessas mortes são resultado do uso direto do tabaco, enquanto mais de 1,2 milhão de mortes são resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo. Sem contar o câncer.
Estudo conduzido pela Fundação do Câncer e apresentado no 48º encontro do Group for Cancer Epidemiology and Registration in Latin Language Countries Annual Meeting – GRELL 2024, na Suíça, mostra que o tabagismo é responsável por 80% dos óbitos de câncer de pulmão em homens e mulheres no Brasil (85% dos casos de óbito entre homens e quase 80% dos óbitos entre as mulheres).

Entretanto, pesquisadores do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) identificaram um possível alvo que pode ajudar a diminuir o vício tabagista. A substância é conhecida e muito amável pela maioria dos brasileiros: o café. Eles observaram que sua fragrância ativa uma região específica no cérebro, conhecida como sistema de recompensas, em especial o núcleo acumbens, que é a mesma estrutura cerebral ativada com substâncias psicoativas, como a cocaína.

— O diferencial do projeto é utilizar a fragrância do café para redução do desejo pelo consumo de substâncias aditivas por usuários crônicos. É extremamente gratificante porque se trata de um projeto totalmente nacional que traz inovação em uma área que impacta tanto a saúde pública, quanto ambiental e social — explica Silvia Oigman, pesquisadora do IDOR e diretora científica da Café Consciência, uma startup de biotecnologia, parceira do IDOR.
Para o experimento, foi produzido um óleo a partir de grãos de cafés de alta qualidade, que é inalado por meio de um dispositivo adaptado, já aprovado pelo FDA. A pesquisa foi realizada com 60 fumantes que foram expostos às fragrâncias de grãos de café, enquanto outro grupo controle foi exposto às fragrâncias de sabão. Como resultado, ficou demonstrado, logo após a intervenção, no grupo que inalou grãos de café, 50% voltaram a fumar e, no grupo controle exposto à fragrância de sabão, mais de 70% continuaram fumando.

— Desconheço outros grupos que utilizem a inalação inócua do aroma de café como ativador do sistema de recompensa para fins medicinais e, nesse sentido, acredito muito no potencial de inovação do nosso trabalho. É uma forma não invasiva que consegue muita informação sore a atividade cerebral do paciente. Fiquei maravilhada, impressionada — relata a pesquisadora.

Oigman explica que os resultados animadores e a perspectiva de um possível alvo terapêutico para diminuir ou cessar a adição por tabaco, levou o grupo a depositar patentes. Já são nove patentes depositadas nos Estados Unidos, Europa e China e mais três em andamento.
A pesquisadora diz ainda que os dados são importantes indicadores de um possível alvo farmacológico e mecanismo de eficácia de compostos voláteis do café na modulação de circuitos neurais mediadores de adição, servindo como base para o avanço do desenvolvimento clínico do candidato terapêutico.

— Nós queríamos entender se os participantes que foram expostos à fragrância do café fumariam menos do que os participantes que inalaram a fragrância neutra. Esse resultado animador nos motiva a dar continuidade ao desenvolvimento do dispositivo eletrônico que será utilizado em novo ensaio clínico— afirma.

Como objetivo final, Oigman pretende desenvolver um dispositivo eletrônico contendo uma formulação terapêutica, a qual será utilizada em novos ensaios clínicos. Se for bem-sucedida, pode virar uma nova patente.
A pesquisa recebeu investimentos de cerca de R$ 373 mil da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.

Qual é a quantidade e o horário ideal para beber café?

A maioria dos adultos pode consumir com segurança 400 mg de cafeína – ou a quantidade de cerca de quatro xícaras de café coado, ou seis doses de café expresso – por dia, de acordo com a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora americana. Se você estiver grávida, o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas não recomenda mais do que 200 miligramas diários.

É preciso estar atento à quantidade em miligramas da substância porque, dependendo da concentração do café, do tamanho do copo e da ingestão da cafeína em outros alimentos durante o dia, o número de xícaras recomendado pode mudar. Uma xícara típica de 240 ml tem cerca de 80 a 100 miligramas de cafeína, de acordo com o FDA.

Para colher os principais benefícios energizantes e evitar o nervosismo, a recomendação é tomar a primeira xícara de café entre 9h30 e 11h.
Estudos mostram que os níveis de cortisol, os hormônios do estresse, são mais altos pela manhã e caem ao longo do dia, com duas grandes quedas por volta das 9h30 e das 13h. Tomar um café demasiado cedo aumenta ainda mais estes níveis, deixando-nos em risco de nervosismo desnecessário.

A cafeína começa a fazer efeito cerca de 5 minutos depois de tomar café. Os efeitos aumentarão até atingir o pico entre cerca de 15 minutos e duas horas depois, dependendo da ingestão de comida anterior e da velocidade do seu metabolismo. Existem pessoas que demoram até dez horas para metabolizar a cafeína.

Em relação ao resto do dia, a recomendação é tomar café até seis horas antes de dormir. A razão é que o excesso de cafeína perturba o sono, bloqueando os receptores dos hormônios adenosina e melatonina. Para quem vai para a cama às 22h, o ideal é tomar a última xícara até às 16h.

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