Pesquisadores da UFRN desenvolvem aparelho que possibilita maior independência a pessoas com limitações motoras


O aparelho permite ao paciente realizar ações assemelhadas a de um remador, com o objetivo de melhorar os movimentos de extensão e flexão de joelhos e quadril

Texto: Wilson Galvão – AGIR

Fotos: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

Um aparelho que possibilita uma maior independência em pessoas que têm alguma patologia ou sofreram algum acidente que a impossibilite de realizar alguns movimentos por falta de força muscular nas pernas foi desenvolvido no Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em parceria com o Instituto de Ensino e Pesquisa Alberto Santos Dumont (ISD).

Concentrado na área de desenvolvimento do movimento humano, o aparelho permite ao paciente realizar ações assemelhadas a de um remador, com o objetivo de melhorar os movimentos de extensão e flexão de joelhos e quadril. “Esse dispositivo é adaptado para usuários que apresentam algum tipo de deficiência ou paralisia do tronco e das pernas. De acordo com a situação do paciente, podemos ajustar a cadeira para deslizar em um trilho com inclinação regulável para a necessidade do treino”, colocou José Carlos Gomes da Silva, cientista envolvido na inovação.

Equipamento atua avaliando o aspecto neurofisiológico, com o comportamento muscular e a força que o paciente fez antes e depois da intervenção (foto: Cícero Oliveira)

Ele complementou que a motivação para a elaboração do equipamento surgiu a partir da falta de um aparelho de remo que fosse adaptado para usuários com algum tipo de deficiência ou limitações de movimentos dos membros inferiores. A alteração da carga sobre o usuário é feita através da inserção de elásticos entre o banco móvel e a viga, pela modificação da inclinação da máquina ou a combinação de ambas as possibilidades.

Além de uma fixação para os pés do usuário durante o exercício, a máquina contém um suporte articulável e regulável para os pés que garante um ajuste mais adequado dos movimentos de flexão plantar e dorsiflexão. Este último é o nome utilizado para denominar o movimento que acontece quando a parte de cima do pé flexiona em direção à tíbia, popularmente conhecida como ‘canela’. A dificuldade de realizar a dorsiflexão leva a uma exigência adicional para se locomover, geralmente no quadril e joelho, e recebe o nome de queda plantar.

Outro pesquisador envolvido no desenvolvimento do aparelho, Edgar Morya, professor no ISD, frisou que o equipamento é de fácil utilização, pois não necessita bateria ou ligar na tomada e o próprio peso da pessoa serve de carga para o treinamento que auxilia a manutenção da massa magra (músculos), da densidade óssea, do equilíbrio e da distribuição da força entre os membros. Assim, a pessoa treina a musculatura das pernas e da postura concomitantemente.

Denominado “Dispositivo remo para auxílio da manutenção postural, muscular e óssea”, o depósito do pedido de patente ocorreu no mês de dezembro e tem como autores, além de José Carlos e Edgar, Márcio Valério de Araújo, Pablo Javier Alsina e Paulo Moreira Silva Dantas. O registro da propriedade intelectual está vinculado aos Programas de Pós-Graduação da Educação Física (PPGEF) e ao de Ciências da Saúde (PPGCSA), bem como à Base de Pesquisa em Atividade Física (Afisa) e ao Programa Laboratório do Movimento (LABMOV), ambos do Departamento de Educação Física (DEF/UFRN).

Próximas etapas do desenvolvimento do equipamento utilizarão as instalações do ISD (foto: Cícero Oliveira)

Segundo o grupo de cientistas, o protótipo já foi desenvolvido. “Agora passaremos para o estágio de viabilizar a fabricação com empresas interessadas no equipamento. Considero esse pedido de patente fruto de um trabalho multidisciplinar, com inventores das áreas de educação física, engenharia e neuroengenharia. Interpreto que patentear uma invenção é resultado direto do processo de transformar ideias acadêmicas em soluções de problemas para a sociedade, ou seja, transformar projetos acadêmicos em produtos que favoreçam a sociedade, estimulem novas pesquisas e formem profissionais é parte da missão da universidade”, destacou José Carlos.

UFRN

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