Por que som alto dos trios elétricos do Carnaval pode destruir audição


Ficar ao lado de grandes alto-falantes de trios elétricos pode não ser a melhor opção para quem deseja Carnaval sem dor de cabeça

Um dos maiores desejos de qualquer folião é passar por um carnaval sem dor de cabeça: ele bebe água, separa o celular reserva , veste roupas confortáveis, se alimenta bem etc. Mas e se tudo isso não for o suficiente para poupar a saúde de seus ouvidos? A situação infelizmente é bem comum, segundo especialistas.

“Chega a Quarta-feira de Cinzas e o consultório fica lotado de pacientes fazendo audiometria”, diz Mara Gândara, otorrinolaringologista do Hospital das Clínicas da USP (HC-FMUSP).

Segundo a médica, ficar perto de grandes caixas de sons de trios elétricos causa em muitas pessoas surdez temporária, zumbidos e, em alguns casos, pode trazer lesões irreversíveis à audição.

Ruídos acima de 85 decibéis já podem ser nocivos, enquanto sons que ultrapassem os 104 decibéis são capazes de causar estragos permanentes com apenas um segundo de exposição.

“A aparelhagem utilizada [nas caixas de som em trios elétricos] chega a atingir intensidades sonoras que podem ultrapassar os 110 decibéis”, compara Ricardo Dourado, médico da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).

E por que, afinal, ruídos altos lesionam nosso ouvido?

“O ruído é prejudicial por lesar as células ciliadas do ouvido interno que transmitem o estímulo sonoro ao cérebro . Essa lesão varia conforme a intensidade e frequência do estímulo sonoro, podendo ser irreversível”, diz o otorrinolaringologista João Carlos Ceccarelli.

Algumas células da cóclea, parte interna do ouvido com formato similar a um caracol, apresentam estruturas similares a cílios, importantes no processo de captação e transmissão das informações sonoras a nosso cérebro. Quando os cílios são quebrados, o dano pode ser irreversível.

O que fazer após lesionar o ouvido?

Caso sinta desconforto ou dificuldade para ouvir após a farra, o primeiro passo é ficar longe de novos barulhos altos e procurar por atendimento especializado.

“É o repouso que deve melhorar a sensação. Depois, um médico deve ser procurado e uma audiometria deve ser realizada para constatar o tamanho da lesão”, explica Gândara, da USP.

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