Em 26 de abril, o Brasil celebra o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, data para conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico preventivo e do tratamento da doença, que mata mais de dez milhões de pessoas por ano no mundo. Cerca de 35% dos brasileiros são hipertensos e no contexto de pandemia de Covid-19, hipertensos precisam, de maneira ainda mais contundente, manter a pressão arterial controlada.
A identificação e o tratamento precoces dessa doença crônica não transmissível (DCNT), reduzem a mortalidade por causas cardiovasculares. A hipertensão pode estar relacionada a 80% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC) e 60% dos casos de infarto agudo do miocárdio (IAM). Hipertensos não controlados, assim como outros cardiopatas e portadores de doenças crônicas têm possibilidade de maiores complicações pela Covid-19.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Celso Amodeo, a infecção pelo novo coronavírus é o tipo de doença da qual não se pode dizer “sempre” e “nunca”, porque o conhecimento acerca dessa doença está constantemente sendo reavaliado, modificando a forma de enfrentamento da doença.
No início da pandemia, muito se falou sobre alguns medicamentos utilizados para controlar a hipertensão que agiriam na mesma via de entrada do Sars-CoV-2 para o interior da célula; posteriormente surgiram outros indícios de que essas classes de medicamentos, na verdade, diminuíam a atividade inflamatória do vírus, portanto seu uso provocava uma melhora satisfatória da Covid-19. Porém, nenhum estudo, de fato, constatou efetivamente essa informação.
“Nossas orientações, sempre, são para que o paciente hipertenso não suspenda o tratamento medicamentoso por causa da Covid-19. O risco da hipertensão no indivíduo com diagnóstico positivo para o novo coronavírus se dá porque a Covid provoca uma intensa reação inflamatória que atinge diferentes territórios vasculares do organismo, vasos esses que já apresentam alterações na sua estrutura e função decorrente da hipertensão arterial não controlada, fazendo com que essa pessoa tenha mais risco de complicações”, explica Amodeo.
A SBC recomenda que o paciente hipertenso não deixe de procurar seu médico para fazer os controles necessários da pressão arterial. A pandemia fez com que muitas pessoas deixassem de ir ao médico por medo de sair à rua, o que aumenta o risco de hipertensão arterial não controlada. É imprescindível que o indivíduo mantenha sua pressão controlada, evitando assim complicações mais graves em caso de Covid-19.
A hipertensão arterial possui prevalência na população adulta brasileira em torno de 35%. Nesses indivíduos, 40% sabe que possui e procuram tratamento, no entanto, 40% dos pacientes que iniciam tratamento não o segue como deveriam.
“Temos um problema muito grande de falta de adesão ao tratamento, por ser uma doença assintomática, o chamado inimigo silencioso, isso acarreta distúrbios, principalmente no aparelho cardiovascular, onde a incidência de infarto e de AVC é muito alta naqueles que não têm pressão controlada”, reitera o presidente da SBC.
Ao reconhecer qualquer um dos sintomas, como alteração do movimento e/ou da sensibilidade em uma parte do corpo; dificuldade de fala ou compreensão; dor de cabeça intensa e súbita; tontura ou alteração no equilíbrio; alteração da visão e/ou dificuldade para enxergar, náusea ou vômito, dificuldade para engolir e/ou perda da consciência (desmaio) – é importante procurar ajuda médica, pois os profissionais de saúde têm um curto espaço de tempo para atuar: a cada minuto, milhões de neurônios podem ser perdidos durante um AVC. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maior é a chance de recuperação.
“Pressão alta, se bem diagnosticada, o tratamento é pra vida toda, e se baseia em medidas não medicamentosas e medicamentosas. A medida não medicamentosa mais importante é diminuir o sal na alimentação, isso significa ingerir menos alimentos processados e industrializados. Cerca de 75% do sal que ingerimos vem desses alimentos. Atividade física regular ajuda e muito a manter a pressão arterial estável. Evitar fumo e álcool também. Algo muito negligenciado é a qualidade do sono: a pessoa que não dorme direito tem mais chance de desenvolver hipertensão”, ressalta Amodeo.
No nosso canal do Youtube tem um vídeo com as orientações do Dr. Celso Amoedo, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre tratamento e prevenção da Hipertensão Arterial