13 de Setembro é o Dia Mundial da Sepse. Na ocasião, instituições de saúde se organizam para ações de esclarecimentos sobre a síndrome que mata mais do que alguns casos de cânceres e infarto e, também, é responsável por algumas sequelas nos pacientes acometidos por ela. Esse ano, devido à pandemia, as ações serão digitais, mas seguirão o principal objetivo de conscientizar população e profissionais de saúde sobre a importância de se pensar em sepse o mais rápido possível.
Sepse e COVID-19
No caso da COVID-19, os efeitos no sistema respiratório são mais frequentes e conhecidos. Esses pacientes que necessitam de internação hospitalar frequentemente desenvolvem pneumonia de gravidade variável, mas praticamente todos os outros sistemas orgânicos podem ser afetados. A partir dos dados científicos recentemente disponíveis sobre COVID-19, já é possível afirmar que a COVID-19 realmente causa sepse. “Na pandemia de COVID-19, as pessoas estão morrendo de sepse”, relata a médica intensivista da Unifesp, Dra. Flávia Machado, coordenadora científica do ILAS.
Sinais de lesões de múltiplos órgãos, que são típicas na sepse, ocorrem em aproximadamente 2-5% dos pacientes com COVID-19, após aproximadamente 8 a 10 dias. Muitos pacientes afetados pela COVID-19 morrerão de sepse e suas complicações. Portanto, é vital conhecer e reconhecer sinais precoces de sepse e iniciar o tratamento imediato quando diagnosticado. A intervenção de forma oportuna, salva a vida e a função orgânica.
Últimos dados sepse (2019)
Estima-se em cerca de 15 a 17 milhões o número de pacientes com sepse por ano no mundo, os quais contribuem com mais de 5 milhões de mortes anualmente. No Brasil, recente publicação evidenciou aumento no número de casos dessa síndrome nos últimos anos. A incidência de sepse grave e choque séptico situam-se em 27 e 23% respectivamente e a taxa de mortalidade global foi de 22%, sugerindo que a sepse é o maior problema de saúde pública nas unidades de terapia intensiva do país.
Desde 2005, o ILAS computa dados de instituições que participam do Programa de Melhoria de Qualidade – Protocolos Gerenciados de Sepse, possuindo, assim, um banco de dados robusto, com mais de 90 mil pacientes com diagnóstico de sepse e choque séptico em nosso país, registrados no “Relatório do Programa de Melhoria – Protocolos Gerenciados de Sepse”.
Os dados registrados de 2019, que contou com a participação de 84 instituições de saúde do Brasil, registrou 15.571 com sepse e choque séptico, sendo 5.979, em instituições públicas, com letalidade de 38,8%, e 9.592, em instituições privadas, com letalidade de 21,2%. Acesse aqui o Relatório Completo.
Dia Mundial da Sepse 2020
Devido à pandemia, toda campanha será online, com foco nos quatro pilares:
Prevenção – o principal dos 4 pilares nesta Campanha. O objetivo é tentar focar na prevenção, principalmente por estarmos no meio de uma pandemia viral em que os infectados morrem por sepse. Prevenir infecção é prevenir, inclusive, a COVID-19 e, consequentemente, previne-se sepse. Se há prevenção, nenhum dos outros pilares será necessário. Por isso a importância deste pilar.
Reconhecimento Precoce – Se há infecção, o reconhecimento precoce é indispensável para que haja sobrevida deste paciente e menos sequelas. Reconhecendo precocemente, o tratamento adequado pode ser imediatamente providenciado, com mais chances de desfecho favorável e promoção do bem estar do paciente.
Tratamento – Tratamento imediato e adequado baseado nas diretrizes sugeridas pelo ILAS dentro da primeira hora do diagnóstico de sepse. Como falado anteriormente, reconhecimento precoce + tratamento adequado na primeira hora = melhor prognóstico, sobrevida e menos sequelas do paciente
Reabilitação – Muito sobreviventes da sepse ficam com sequelas, algumas bastante graves e por longos períodos. Esse é mais um dos desafios para a sepse. Todo paciente séptico deve ter acesso a um plano multidisciplinar de reabilitação ainda durante o período de internação e um plano de alta adequado, que englobe diversos aspectos na recuperação desse doente. Além de evitar nova infecção que é tão comum nos pacientes sépticos.