Proibida na Europa, substância de esmalte em gel ainda é usada no Brasil: há riscos no uso? Entenda


Dermatologistas analisam a decisão europeia em abolir o TPO (óxido de trimetilbenzoil difenilfosfina)

No dia 1º de setembro os esmaltes em gel com a presença TPO (óxido de trimetilbenzoil difenilfosfina) passaram a ter sua comercialização proibida nos países da União Europeia devido a uma nova decisão. A substância foi considerada “cancerígeno, mutagênico ou tóxico para a reprodução”, segundo os regulamentos europeus.

que é o TPO?

O TPO é um fotoiniciador, ou seja, ele reage à luz LED/UV, o que, por sua vez, permite a solidificação do esmalte em gel. Ele está presente em muitas esmaltações consideradas semipermanentes, as quais duram algumas semanas e mantém a aparência brilhosa por esse período.

Outros nomes também usados para o TPO, que podem ser encontrados na descrição da embalagem, são:

  • Difenil (2,4,6-trimetilbenzoil) fosfina óxido
  • (2,4,6-trimetilbenzoil) difenilfosfina óxido
  • 2,4,6-Trimetil benzoidifenil fosfina óxido

A preocupação crescente com o TPO advém de estudos animais, pelos quais foi descoberto que a presença do químico está associada a infertilidade em ratos fêmeas e à redução do tamanho dos testículos e a diminuição do número de espermatozoides em machos.

De acordo com Regina Schechtman, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro (SBDRJ), o TPO também pode ser encontrado em vernizes de gel e gel de pintura para decoração.

— É importante saber que nem todos os esmaltes em gel apresentam essa substância — ressalta.

Schechtman também aponta que existem outros riscos associados ao uso de esmaltação em gel e o contato direto com a pele, como: ressecamento da pele, dos cabelos, dermatite de contato e até mesmo queimaduras químicas.

Esmaltes em gel são permitidos no Brasil

Os produtos com a presença de TPO não sofreram nenhuma mudança ou proibição. Contudo, segundo Mariana Figueiredo, dermatologista do Einstein Hospital Israelita, faz um alerta:

— Embora no Brasil a substância ainda esteja liberada, é possível que a Anvisa possa futuramente revisar essa questão, caso surjam evidências científicas que corroborem. De qualquer forma, independente disso, acredito que haja impacto no nosso país com a proibição europeia, uma vez que há agora uma pressão para que marcas globais reformulem seus produtos, buscando alternativas com substituições do TPO em suas formulações — pondera.

A especialista recomenda que é necessário repensar o uso e ter cautela com a exposição ao TPO.

— Os achados indicam um risco presumido à saúde humana, embora tais efeitos ainda não tenham sido comprovados em estudos clínicos com seres humanos — argumenta.

Jornal O Globo

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