Projeto da MEJC-UFRN oferece apoio a famílias que enfrentam a perda gestacional e neonatal


A perda de um bebê durante a gestação ou após o parto é uma dor frequentemente silenciada pela dificuldade da sociedade em falar sobre a morte. Para acolher essas famílias, a Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC-UFRN), vinculada à Ebserh, conta com o projeto de extensão Com Amor. O grupo de apoio dedicado a quem sofreu perdas gestacionais e neonatais existe desde 2016 e ganha ainda mais relevância no dia 15 de outubro, data que celebra a conscientização da perda perinatal.

Com Amor funciona de forma on-line e quinzenal. A equipe é composta por psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras, obstetras, neonatologistas, educador físico e terapeutas ocupacionais. O objetivo é oferecer uma assistência sensível e integral, apoiando mães, pais e familiares em suas dimensões física, emocional, espiritual e social.

De acordo com a assistente social da MEJC, Gildeci Pinheiro, o luto gestacional e neonatal é, muitas vezes, invisível aos olhos da sociedade. “No grupo, elas têm o espaço de compartilhar as experiências da perda de um filho que já é amado desde o momento que sabem da gravidez”, destacou.

Ainda de acordo com Gildeci, a perda gestacional e neonatal é muito mais que uma questão individual. “As repercussões na vida da família são grandiosas e os profissionais de saúde precisam estar conscientes das repercussões dessas perdas, da importância do acolhimento e atendimento integral a essas famílias enlutadas”, enfatizou.

A história de Raissa Souza, de 32 anos, ilustra a importância do projeto. Ela perdeu seus bebês, Miguel e Gabriel, aos cinco meses de gestação. Para ela, o Com Amor foi uma âncora. “O grupo tem sido meu maior apoio, pois lá, sinto que não estou só. Compartilho o luto com pessoas que estão vivenciando o mesmo processo e nos apoiamos mutuamente”, afirmou.

Ela também ressalta o conforto de se sentir representada. “A sociedade, de forma geral, não nos reconhece como pais. Fazemos parte de uma estatística importante, mas não temos validação e visibilidade. Então, saber que existe um movimento que nos representa é reconfortante”, avaliou.

O projeto também atua na sensibilização de outros colaboradores da saúde. Ao longo de outubro, a equipe do Com Amor visitou setores como o Centro Obstétrico (CO), Centro de Recuperação Obstétrico (CRO) e a Unidade Terapêutica Intensiva Neonatal (UTI Neonatal) para falar sobre a conscientização das perdas e sobre o movimento Onda de Luz, que homenageia mundialmente as crianças que tiveram uma vida breve.

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