O primeiro impulso ao receber publicações que têm circulado nas redes sociais anunciando novos ataques às escolas é compartilhá-las em grupos de familiares e conhecidos.
A atitude recomendada por especialistas e autoridades, porém, é o contrário: não repassar mensagens desse teor e denunciar os casos nos canais oficiais.
“Compartilhar esse tipo de conteúdo pode contribuir para a sensação de insegurança no ambiente escolar. Quanto menos a gente divulgar esses boatos, melhor. ” Fernando Asbahr, psiquiatra coordenador do Programa de Ansiedade na Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria da USP
“A outra coisa é buscar a veracidade dessas informações. Não dá para tomar como verdade e pensar ‘vamos espalhar isso aí porque todo mundo tem que estar preparado’. Você espalhar isso é tudo o que a pessoa que iniciou o boato quer, então não espalhe nem entre em pânico”, aconselha Asbahr.
Embora os indícios apontem que esses conteúdos são falsos, eles têm contribuído para gerar medo em estudantes, pais e professores. A orientação das autoridades é denunciar as ameaças à Polícia Civil e nos canais criados pelo Ministério da Justiça.
Efeitos a longo prazo na saúde mental de crianças e adultos
Sentir medo após os ataques recentes às instituições de ensino é natural, mas é importante ficar atento às repercussões que a situação pode causar a longo prazo na saúde mental de crianças e adultos.
Asbahr, que estuda a saúde mental de crianças e adolescentes há mais de três décadas, afirma que os recentes episódios de violência nas escolas e a propagação de boatos sobre falsos ataques podem ter desdobramentos sérios para pessoas que já têm alguma propensão a desenvolver transtornos de ansiedade.
“Ainda não podemos falar sobre quadros de estresse pós-traumático porque é muito recente, mas você imagina que, da mesma forma que um veterano de guerra que passou por situações absurdas de risco de vida e depois disso ouve um barulho e já acha que é uma bomba, daqui a um mês pode ser que algumas crianças tenham medo até de passar perto da esquina da escola.
Fernando Asbahr
Para evitar esse cenário, diz ele, é importante não estimular o pânico e manter uma boa comunicação com as crianças.
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