Hidratação e alimentação durante e depois da bebedeira são as medidas mais eficazes
Por Alexandre Raith, da Agência Einstein
As comemorações na época de fim de ano por vezes levam ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas, e o resultado é conhecido: a ressaca. Medidas para aliviar os efeitos são inúmeras, mas nem todas eficazes.
O primeiro passo, de acordo com os especialistas, é não exagerar. Vale lembrar que doenças como a cirrose hepática, alguns tipos de câncer e problemas cardiovasculares estão relacionados à ingesta alcoólicasem limites. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), agência para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), três milhões de mortes, por ano, resultam do uso nocivo do álcool.
“Uma quantidade exagerada é mais de 20 gramas de álcool para mulher e mais de 30 gramas para homem”, indica Mônica Valverde Viana, diretora da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH). Na prática, são duas taças de vinho ou duas latas de cerveja para o homem e a metade para a mulher, por dia.
O número de doses depende do teor alcóolico de cada tipo de bebida – e muda de acordo com o sexo. O homem tem uma maior quantidade de enzimas que são utilizadas na metabolização do álcool, por isso a indicação para as mulheres é menor.
Se ultrapassamos essa quantidade, o organismo não consegue metabolizar tudo de uma só vez, gerando a desidratação e a hipoglicemia, segundo Viana. “A ressaca vai ser causada principalmente por isso”, explica.
A hidratação, entre as doses, é o segundo passo para evitar os sintomas. “Para cada taça de vinho, duas de água, para prevenir um efeito mais deletério sobre o organismo”, orienta a especialista. Outra recomendação é jamais beber de estômago vazio.
No dia seguinte, mais água
Se os cuidados durante a ingesta de álcool não foram colocados em prática, eles devem ser adotados no dia seguinte: hidratação com água, isotônico e suco de frutas. Outra recomendação é para que favoreça refeições leves e, se possível, descanse, para que o corpo possa se recuperar.
Remédio para o fígado funciona?
Tomar remédio para o fígado antes ou depois de beber é inútil, segundo os especialistas. “Não existe nada provado em estudos científicos que valha a pena fazer isso. O ideal é se ater à quantidade de álcool de acordo com a bebida que está ingerindo”, afirma Mônica.
Outro engano é achar que, quando se é jovem, a ressaca é mais leve. Mas a idade não tem tanta interferência nos efeitos do excesso. “Tem a ver com o sistema de metabolização do álcool pelo organismo. As enzimas digestivas, principalmente as que temos no estômago e no fígado, variam de pessoa para pessoa”, explica a diretora da SBH.
Segundo Viana, pessoas mais velhas tendem a tomar mais medicamentos, como por exemplo para hipertensão ou diabetes. Isso leva à uma sobrecarga do fígado, responsável por metabolizar esses remédios. “Por isso, a gente tende a ver um pouco mais desses efeitos deletérios do álcool nos indivíduos mais idosos”, completa.