O ator relatou que desenvolveu a condição durante os ensaios para o musical “Priscilla, a Rainha do Deserto”
Reynaldo Gianecchini, de 51 anos, descobriu ter a síndrome de Guillain-Barré enquanto se preparava para o seu novo musical “Priscilla, a Rainha do Deserto”, no qual interpreta a drag queen Mitzi/Tick. O ator comentou sobre a descoberta e como isso afetou seus movimentos durante sua participação no podcast “Poddelas” nesta terça-feira (11).
“Eu desenvolvi até uma doença autoimune muito louca que foi me paralisando as mãos, as pernas. Tive uma coisa que chama Guillain Barré, que é uma doença autoimune, que eu seu próprio sistema imunológico, os seus nervos, vão te paralisando”, afirma Gianecchini.
O que é a síndrome de Guillain-Barré?
A síndrome de Guillain-Barré é uma condição autoimune, na qual o sistema imunológico do paciente ataca parte do sistema nervoso periférico. Ela pode afetar os nervos que controlam o movimento muscular, bem como aqueles que transmitem sensações de dor, temperatura e toque. Isso pode resultar em fraqueza muscular e perda de sensibilidade nas pernas e/ou braços. A causa exata da síndrome de Guillain-Barré é desconhecida. Mas dois terços dos pacientes relatam sintomas de infecção nas quatro semanas anteriores.
A condição é contagiosa?
O neurologista Alex Baeta, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, esclarece que a síndrome de Guillain-Barret não é contagiosa e, portanto, não há risco de transmissão.
— A Síndrome de Guillain-Barré é um distúrbio imunomediado, ou seja, nosso sistema imunológico começa a atacar estruturas do nosso próprio corpo. Geralmente, a síndrome é provocada por um processo infeccioso anterior. Mas ela não é contagiosa. O paciente poderá transmitir o vírus que desencadeou a síndrome, por exemplo, mas não a síndrome em si — explica o especialista.
Quais são os sintomas?
A síndrome de Guillain-Barré pode apresentar diferentes graus de manifestação, desde quadros leves, com apenas alteração de sensibilidade nos membros e fraqueza muscular até graves, que incluem paralisia da face e comprometimento da respiração.
Os primeiros sintomas incluem sensação de fraqueza ou formigamento. Eles geralmente começam nas pernas e podem se espalhar para os braços e rosto, em uma progressão ascendente. Outros sintomas incluem: dormência, comichões, dor, problemas de equilíbrio e coordenação, sonolência; dificuldade para respirar, falar e/ou deglutir; retenção urinária; aumento ou queda da pressão arterial; arritmias cardíacas; visão dupla; alteração de reflexo; confusão mental; tremores e até mesmo coma.
A síndrome de Guillain-Barré tem cura?
A maioria dos pacientes com síndrome de Guillain-Barré se recupera. Em geral, a doença progride por um período de quatro a seis semanas. Depois, o paciente evolui com melhora lenta e gradual, mesmo sem tratamento. No entanto, o tratamento ajuda a reduzir o tempo e os danos da doença.
Qual é o tratamento?
A imunoglobulina humana é o tratamento mais comum para a síndrome de Guillain-Barré. Trata-se de uma infusão na veia, por cinco dias seguido, realizado no hospital. Outra opção de tratamento, menos comum, é a plasmaferese, técnica que permite filtrar o plasma do sangue do paciente. Ambos são considerados eficazes para o tratamento da doença.
Dados internacionais mostram que aproximadamente 50% dos pacientes se recuperam totalmente em até seis meses. Em alguns casos, pode haver sequelas como alteração na sensibilidade dos membros e dificuldades motoras. A mortalidade varia de 3% a 5%.
Jornal O Globo