Brasil registra aumento nos afastamentos por transtornos emocionais, e novas diretrizes incentivam empresas a promover ambientes mais saudáveis
Neste Dia do Trabalho, o foco vai além da produtividade: fala-se, cada vez mais, de saúde emocional, equilíbrio e bem-estar dentro das empresas. Um movimento necessário e urgente, especialmente diante dos dados mais recentes do Ministério da Previdência Social, que revelam um número recorde de afastamentos por transtornos mentais no Brasil em 2024: foram 472.328 licenças médicas, o maior índice da última década.
Transtornos como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático estão entre os principais motivos para os afastamentos. Condições como burnout — esgotamento extremo ligado ao ambiente profissional — ainda são subnotificadas, mas já apontam para um novo olhar sobre a qualidade de vida no trabalho.
Um passo importante: a saúde mental na NR-1
Em abril de 2025, o Ministério do Trabalho oficializou a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que agora inclui a saúde mental como parte da segurança e medicina do trabalho. A mudança representa um avanço importante na construção de espaços corporativos mais conscientes e respeitosos.
Durante o primeiro ano, o foco será educativo: o governo lançou uma cartilha com orientações para que empresas se adaptem à nova realidade. A fiscalização e aplicação de multas — que podem chegar a R$ 6 mil por infração — está prevista para começar apenas em 26 de maio de 2026.
“Esse período será dedicado à implantação de boas práticas, com o objetivo de promover ambientes de trabalho mais seguros e acolhedores”, afirmou o ministro Luiz Marinho.
Oportunidade de transformação
Mesmo sem a cobrança imediata, muitas empresas já estão revendo suas políticas internas e adotando iniciativas de promoção da saúde emocional. Programas de bem-estar, pausas regulares, escuta ativa, treinamentos sobre assédio e incentivo ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional são exemplos de ações que têm se destacado.
“Investir em saúde mental é também valorizar talentos, reduzir o absenteísmo e fortalecer o clima organizacional”, reforça a psicóloga e consultora corporativa Ana Luisa Mendes.
Cuidar de quem cuida: uma nova cultura para o trabalho
Mais do que uma obrigação legal, a valorização do bem-estar emocional no ambiente de trabalho é um reflexo de uma sociedade que avança rumo a uma cultura mais humana. Compreender os sinais de sobrecarga e oferecer suporte adequado são atitudes que transformam o dia a dia de milhares de trabalhadores.
No fim das contas, saúde mental é sobre respeito, empatia e cuidado com quem faz tudo acontecer.