Síndrome de De Quervain ocorre devido à inflamação dos tendões que revestem o dedo e, em casos mais graves, pode demandar cirurgia
É comum hoje entre crianças e adolescentes, e até entre alguns jovens e adultos, a dedicação de minutos, ou mesmo horas, por dia aos jogos eletrônicos, conhecidos como videogames. Seja nos dispositivos móveis, como celulares e tablets, seja no computador ou em consoles, são muitas as opções que atraem um número significativo de brasileiros e pessoas pelo mundo.
Mas, o excesso de videogames pode levar ao surgimento de problemas de saúde. Alguns são bem conhecidos, como o maior risco para obesidade quando o tempo de tela substitui uma alimentação balanceada e um espaço na rotina para atividades físicas. Já outros são menos populares, caso do “polegar de jogador”.
O termo faz referência ao diagnóstico de síndrome de De Quervain, ou tenossinovite de De Quervain. Trata-se de uma inflamação nos tendões na lateral do pulso, ao longo do polegar, e da bainha que os envolve, o que por sua vez provoca dor na região. Algumas pessoas também podem ter dificuldade para mover o polegar, especialmente quando tentam agarrar ou beliscar algo.
Não há consenso científico se a repetição de uma atividade, como o movimento do polegar no controle do videogame ou na tela, seria exatamente a causa do problema. Porém, os especialistas concordam que o hábito agrava o quadro para aqueles que já têm uma predisposição, segundo informações da Mayo Clinic, nos Estados Unidos.
A síndrome tampouco é restrita aos jogadores de videogame, mas ficou conhecida como “polegar de jogador” por serem crescentes os relatos entre os adeptos dos jogos eletrônicos. Segundo a instituição de saúde americana, se a condição ficar por muito tempo sem tratamento, a dor pode se espalhar mais para o polegar, para o antebraço ou para ambos.
Os especialistas sugerem algumas medidas para aliviar a dor, como evitar o uso do polegar afetado por um tempo, aplicar frio na região, como por meio de gelo, ou utilizar medicamentos anti-inflamatórios. Caso isso não resolva, é importante buscar ajuda médica.
O diagnóstico é feito a partir de uma análise pelo profissional do histórico e dos sintomas do paciente. O tratamento especializado, segundo informações do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, geralmente envolve a imobilização do punho e do dedo polegar por um período mais longo, junto ao uso de medicamentos.
Quando não há melhora, ou o problema retorna de forma recorrente, outras estratégias podem ser avaliadas pelo médico, como a infiltração local com um anestésico e corticoide para reduzir a inflamação. Em casos mais graves, pode haver a necessidade de uma cirurgia minimamente invasiva.
Nesse caso, que envolve a minoria dos pacientes, o cirurgião geralmente realiza uma estratégia de liberação para “soltar” a bainha que reveste o tendão na base do polegar, aliviando a pressão e permitindo o movimento, de acordo com informações da Universidade da Pennsylvania, nos EUA.
“Durante a liberação cirúrgica, faremos uma incisão na pele na lateral do punho, Com os cuidados adequados durante o processo de recuperação, você não sentirá dor e voltará à sua rotina diária em questão de semanas”, diz a página da instituição dedicada ao diagnóstico.
A melhor estratégia, porém, é evitar a inflamação em primeiro lugar. Para isso, é indicado não passar períodos prolongados em atividades que demandem um esforço repetitivo do polegar, como nos videogames.
Jornal O Globo