Tumor nas pálpebras pode ser confundido com terçol e atrasar o diagnóstico


Carcinoma sebáceo é raro, porém agressivo

O carcinoma sebáceo afeta as glândulas das pálpebras e tem aparência semelhante a lesões benignas como calázio e terçol. Essa semelhança pode atrasar o diagnóstico desse tipo de tumor raro, porém muito agressivo.

Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialista em cirurgia plástica e doenças das pálpebras, o calázio é um nódulo que se forma na parte interior das pálpebras devido a retenção de uma gordura que as glândulas sebáceas das pálpebras secretam. “O calázio é uma inflamação não infecciosa, pois é a reação do próprio organismo à secreção acumulada”.

Já o terçol, também chamado de hordéolo, é uma infecção bacteriana aguda que atinge as pálpebras. “A lesão se parece com uma bolinha, que na verdade é um abscesso. Em seu interior, o terçol pode conter secreção purulenta devido à infecção. Essa infecção é causada, na maioria dos casos, pela bactéria Staphylococcus aureus”, explica a médica.

Quando se preocupar

Geralmente, o calázio e o terçol são lesões benignas e autolimitadas. Em outras palavras, não são perigosas para a saúde e se resolvem de forma espontânea em alguns dias.

“Por outro lado, quando a pessoa desenvolve calázio e terçol de repetição é preciso passar por uma avaliação oftalmológica para descartar a possibilidade de ser uma lesão maligna, como o carcinoma sebáceo”, alerta Dra. Tatiana.

Carcinoma sebáceo é agressivo

O carcinoma sebáceo é o terceiro tumor palpebral mais prevalente, porém é considerado raro. Por outro lado, é uma neoplasia agressiva que pode ter um desfecho ruim.

“Dessa maneira, é muito importante disseminar informações sobre esse tipo de câncer. As características desse tumor podem fazer com o que o paciente não procure o médico precocemente e isso pode piorar o prognóstico”, ressalta a especialista.

Sinais que podem ajudar a diferenciar calázio do tumor

Na fase inicial do carcinoma sebáceo, a lesão é parecida com um nódulo avermelhado ou amarelado e se assemelha a um calázio ou terçol. Um dos principais diferenciais é que o tumor não se resolve de forma espontânea, ou seja, a lesão permanece nas pálpebras e pode aumentar de tamanho com o passar do tempo.

Na evolução do tumor, a pessoa pode apresentar:

  • Espessamento das pálpebras com coloração amarelada
  • Descoloração das pálpebras
  • Perda de cílios
  • Blefarite que não melhora com os tratamentos
  • Visão distorcida

Mulheres são mais afetadas

A idade avançada é o principal fator de risco para o carcinoma sebáceo. A prevalência costuma ser maior nas mulheres e em grupos étnicos específicos como caucasianos, asiáticos e indianos. O tratamento de radioterapia para outras neoplasias também aumenta o risco desse tipo de câncer.

Por fim, o carcinoma sebáceo pode ser secundário à síndrome de Muir-Torre, uma condição rara que se caracteriza por tumores sebáceos de pele associados a doenças intestinais, endometriais e urológicas.

Cirurgia é o tratamento padrão

O tratamento para o carcinoma sebáceo é cirúrgico. “O tumor precisa ser retirado da pálpebra. Como na cirurgia é preciso remover tecidos adjacentes à lesão, é preciso fazer também realizar uma cirurgia plástica de reconstrução palpebral”, comenta a oftalmologista.

“Infelizmente, o carcinoma sebáceo pode se espalhar para outras áreas do corpo, mesmo após a remoção da lesão. Além disso, é um tumor que pode ocorrer novamente dentro de 5 anos após o primeiro episódio. Contudo, o diagnóstico e o tratamento precoces podem contribuir para um melhor prognóstico”, finaliza Dra. Tatiana.

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