UFRN: MEJC é referência no atendimento à gestação de alto risco para adolescentes


João Pedrosa – Huab/UFRN/Ebserh

De 1° a 08 de fevereiro é instituída a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência. A data foi criada pela Lei nº 13.798/2019 com o objetivo de disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência. De acordo com um estudo do Ministério da Saúde divulgado em 2020, naquele ano, cerca de 380 mil partos foram de mães com até 19 anos de idade, o que correspondeu a 14% de todos os nascimentos no Brasil.

A Maternidade Escola Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande e vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (MEJC-UFRN/Ebserh), é referência em gestação de alto risco e no atendimento à mulher e ao recém-nascido no Rio Grande do Norte. Por mês, a Maternidade realiza em média 610 partos, dos quais 12% são de mães com idade até 19 anos.

“A gestação em adolescentes causa muita preocupação, pois na maioria das vezes falta rede de apoio familiar, assistência do companheiro, do grupo dos espaços de convivência. Leva também ao afastamento da escola, à falta de um pré-natal adequado e, por vezes, ao surgimento de doenças, nas gestantes e nos bebês, que deixam de ser cuidadas adequadamente”, afirma a ginecologista e obstetra da MEJC-UFRN/Ebserh, Maria da Guia.

Fatores de Risco

A hipertensão na gestação, as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), a desnutrição e a anemia pelo uso de alimentos não adequados para a gestação, são algumas complicações que surgem pela falta de orientações fundamentais. “Não devem ser esquecidos os cuidados inerentes ao pós-parto, quando a falta do apoio familiar no cotidiano (devido à ausência do companheiro ou dos pais, pela necessidade de trabalhar) pode levar à dificuldade de amamentação, a não higienização correta do binômio mãe-filho, à alimentação inadequada ou deficitária da mãe, à privação de sono da puérpera, à depressão pós-parto e ao desejo da volta, por parte da mulher, aos ambientes de convivência antes frequentados”, reflete Maria da Guia.

Educação para prevenir

Segundo a especialista da MEJC-UFRN/Ebserh, a prevenção da gestação nas adolescentes passa pela família, pela escola, pelas comunidades e espaços coletivos onde elas transitam, pela rede de saúde básica (UBS, Estratégia da Família), pela vulnerabilidade socioeconômica e pela disponibilidade de todos os métodos contraceptivos na rede pública, com exposição clara e segura do benefício desses métodos.

“No Brasil, uma em cada cinco gestações acontece em adolescentes e mais de 50% são indesejadas, lembrando ainda que muitas ficam sem companheiro após o surgimento da gravidez. A idade que acontece a primeira relação sexual vem caindo significativamente nas últimas décadas, no mundo inteiro, e as experiências sexuais, sem a relação sexual, têm acontecido antes mesmo da adolescência (beijos, carícias e toques em regiões do corpo). Essa erotização das experiências sexuais tem levado a relações sexuais precoces, aumentando o número de gestações na adolescência”, destaca a médica.

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