Vacina universal da gripe gera imunidade vitalícia contra diferentes versões do vírus, incluindo a aviária, em testes iniciais


Dose criada com base na versão do H1N1 de 1918, que causou a gripe espanhola, induziu defesas até mesmo contra o H5N1, da gripe aviária atual

Pesquisadores americanos desenvolveram uma vacina universal contra o vírus Influenza, causador da gripe, para conferir imunidade a todos os seus diferentes tipos, incluindo aquele que provoca a gripe aviária, e de forma vitalícia, sem demandar reforços.

O imunizante foi criado por pesquisadores da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon (OHSU, da sigla em inglês), nos Estados Unidos, e o estudo em que eles descrevem o potencial da dose foi publicado nesta sexta-feira na revista científica Nature Communications.

O trabalho é inicial e avaliou a vacina entre um pequeno grupo de macacos. Porém, os cientistas celebraram os resultados positivos como um passo para proteger a população de uma só vez contra múltiplas versões do Influenza, algumas potencial pandêmico, algo que descrevem como “urgentemente necessário”.

“É empolgante porque, na maioria dos casos, esse tipo de pesquisa científica básica faz com que a ciência avance muito gradualmente; (geralmente) em 20 anos, ela pode se tornar algo. Mas isso (a nova abordagem) pode se tornar uma vacina em cinco anos ou menos”, diz o autor do trabalho Jonah Sacha, professor e chefe da divisão de Patobiologia do Centro Nacional de Pesquisa de Primatas da OHSU, em comunicado.

Nos testes, os cientistas expuseram 17 macacos, 11 deles vacinados, ao vírus da gripe aviária de alta patogenicidade H5N1. O patógeno costumava circular apenas em aves, mastem se disseminado entre mamíferos, como furões, leões-marinhos e vacas, e acendido o alerta para a possibilidade de se adaptar a humanos e provocar uma nova crise sanitária como a da Covid-19.

No estudo, após a exposição ao H5N1, todos os seis que não foram imunizados morreram. Já entre os que receberam a vacina, 6 deles (54,5%) sobreviveram. Segundo os pesquisadores, a sobrevivência foi relacionada ao nível da resposta imunológica no animal após a vacinação.

Porém, o mais interessante é que a vacina não foi desenvolvida para o H5N1. Na realidade, ela foi construída baseada na versão do vírus H1N1 de 1918, que foi responsável pela gripe espanhola – uma das últimas pandemias causadas por um Influenza e que deixou milhões de mortos pelo mundo.

O método inovador envolve a inserção de pequenos fragmentos do Influenza dentro de um outro vírus, o citomegalovírus (CMV). Os cientistas explicam que o CMV infecta a maior parte das pessoas durante a vida e, geralmente, não produz sintomas ou causa queixas leves. Nessa estratégia, ele é usado como um vetor, uma espécie de transporte, para levar os fragmentos do patógeno-alvo, o Influenza, até o sistema imunológico.

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