Pesquisa italiana aponta que pacientes infectados pela cepa original e pela variante alfa tiveram distintos padrões de problemas neurológicos, cognitivos e psicológicos
Apesar de ser alvo crescente de estudos, a Covid longa ainda permanece mal compreendida pela comunidade científica. Essa forma de infecção apresenta sintomas que duram mais de quatro semanas, e que vão desde cansaço extremo a problemas de memória. Uma nova pesquisa a ser apresentada no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas deste ano em Lisboa, sugere que os sintomas relacionados a Covid longa podem diferir entre pessoas infectadas com diferentes variantes.
A pesquisa foi realizada por Michele Spinicci e colegas da Universidade de Florença e do Hospital Universitário Careggi, na Itália. O estudo contou com 428 pacientes, sendo 254 homens e 174 mulheres, todos tratados no ambulatório pós-Covid do Hospital Universitário Careggi entre junho de 2020 e junho de 2021, quando a forma original de Sars-Cov-2 e a variante alfa estavam circulando.
As análises sugerem que as pessoas com formas mais graves da doença, que necessitaram de medicamentos imunossupressores, tinham seis vezes mais risco de relatar sintomas prolongados de Covid. As mulheres foram quase duas vezes mais propensas a relatar sintomas de Covid longa em comparação com os homens. Pacientes com diabetes tipo 2 também pareceram ter um risco menor de desenvolver sintomas longos de Covid.
É importante lembrar que esse é um estudo observacional e não comprova causa e efeito. Ainda assim, comparando os sintomas relatados por pacientes infectados pela cepa original e aqueles que contríram a alfa, os pesquisadores puderam concluir uma mudança substancial no padrão de problemas neurológicos, cognitivos e psicológicos causados pela infecção.
Quando a variante Alfa era a cepa dominante, a prevalência de dores musculares, insônia, confusão mental e ansiedade/depressão aumentava significativamente, enquanto a perda do olfato, a dificuldade em engolir e a deficiência auditiva foram menos comuns.
“Muitos dos sintomas relatados neste estudo já haviam sido medidos, mas esta é a primeira vez que eles foram associados a diferentes variantes da Covid-19”, diz Spinicci, em comunicado. “A longa duração e a ampla gama de sintomas nos lembram que o problema não está desaparecendo e precisamos fazer mais para apoiar e proteger esses pacientes a longo prazo. Pesquisas futuras devem se concentrar nos possíveis impactos de variantes e no status de vacinação dos sintomas em andamento”.
Revista Galileu