Prefeito de Natal reconhece divergências com decreto do governo, mas diz que pode tomar medidas mais duras ‘se houver necessidade’


O prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), reconheceu divergências entre os mais recentes decretos estadual e municipal sobre as medidas de prevenção à Covid-19, mas disse que está aberto ao diálogo com a governadora Fátima Bezerra (PT) e que pode endurecer medidas na capital “se houver necessidade”. Por outro lado, justificou a flexibilização do último decreto estadual como forma de tentar preservar empregos.

As declarações foram feitas em entrevista ao Bom Dia RN, da Inter TV Cabugi, nesta terça-feira (9). Durante a entrevista, o prefeito, que é médico, voltou a defender profilaxia (prevenção) da Covid-19 com uso de remédios sem eficácia comprovada pela ciência para a Covid-19.

No último final de semana, o governo do estado determinou toque de recolher das 20h às 6h nos dias de semana e integral (de 24 horas) aos domingos. Porém, no mesmo dia a capital editou decreto permitindo o funcionamento do comércio até mais tarde e abertura aos domingos. O município autorizou bares e restaurantes a funcionarem até às 21h.

Segundo relatório da UFRN, a região metropolitana de Natal é o novo epicentro da Covid-19 no estado. Na manhã desta terça (9), a região contava com 90 pessoas na fila de espera por UTI e apenas 14 vagas no sistema.

Mesmo com uma ocupação de leitos acima de 94%, Álvaro considerou que as medidas de toque de recolher e limitação do horário do comércio causaria um “desemprego exagerado”. Por outro lado, ele afirmou que poderá tomar medidas mais duras, caso a situação se agrave. “Se houver necessidade, de acordo com a deliberação do nosso comitê científico, nós tomaremos sem nenhum problema, mas acho que as medidas que estamos tomando são coerentes, eficazes, têm realmente mostrado um avanço”, disse.

“Nossa grande preocupação é com emprego, com trabalho, com os trabalhadores da iniciativa privada. O trabalhador do estado e do município tem seu salário garantido todo mês, mas o da iniciativa privada não. Na hora que vocês restringe um restaurante, manda que ele feche às 20h, isso inviabiliza o restaurantes, inviabiliza o seu funcionamento. Quem vai jantar às 18h? Ninguém? Então você está inviabilizando e desempregando as pessoas”, afirmou o prefeito.

“Isso é outra pandemia. Porque se o coronavírus mata, e mata mesmo, o desemprego, a fome, também mata. As pessoas, sem ganhar dinheiro, sem ter condições de fazer a feira, de cumprir suas obrigações, vão morrer também. Essa é a nossa preocupação, fazer um decreto que possa encontrar um ponto de equilíbrio entre a prevenção à saúde e a manutenção do emprego dos trabalhadores aqui em Natal. Essa foi a finalidade do nosso decreto”, disse o prefeito.

Sobre a manutenção da abertura das escolas privadas, o prefeito afirmou que as instituições se prepararam para receber os alunos, ao contrário das escolas públicas, que não tiveram os investimentos suficientes, segundo ele.

O prefeito afirmou que o município vai ampliar o número de leitos no Hospital de Campanha e abrir mais 10 leitos de UTI, além de 30 clínicos, no Hospital dos Pescadores, mas não deu prazo para a disponibilização dos equipamentos. Também disse que ofereceu um andar do hospital de campanha ao governo do estado para abertura de mais leitos.

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