Dia do Idoso alerta sobre consequências de covid-19 no cérebro


Recentemente, muito se falou a respeito do grupo de risco para o novo coronavírus e no topo da discussão estavam as pessoas na terceira idade. Neste próximo dia 1º de outubro, onde celebra-se o Dia Nacional e Internacional do Idoso, esta população volta ao centro do debate em razão das sequelas que a covid-19 pode deixar no cérebro de quem já convive com doenças degenerativos.

“As consequências do vírus no cérebro podem ser mais graves quando falamos de pacientes que já apresentam doenças neurológicas, como o Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla, comumente ligadas ao envelhecimento”, conta o neurocirurgião e doutor pela UNIFESP, Dr. Claudio Corrêa.

Isso porque estes indivíduos se tornam naturalmente mais suscetíveis a problemas em suas funções cotidianas. “Estas alterações neurológicas afetam os sistemas nervoso central, autônomo ou neurovegetativo e periférico, influenciando em atividades simples como se locomover, se alimentar ou se higienizar”, conta o médico.

Para os brasileiros, que vem apresentando maior expectativa de vida nos últimos anos, o que também representa mais chances de evoluírem com tais doenças, é essencial o desenvolvimento de inciativas que permitam o envelhecimento mais saudável, entendendo e tratando características limitantes de sua autonomia e bem-estar, tanto físico como mental.

O que são os distúrbios neurológicos?

Os distúrbios neurológicos são basicamente doenças do cérebro, coluna vertebral e nervos que as conectam, podendo ser desencadeadas por transtornos anteriores com início no próprio sistema nervoso.

São agrupados de acordo com a identificação da anatomia de sua causa e divididos entre distúrbios causados por lesões ou disfunções primárias, incluindo processos degenerativos, do sistema nervoso (como doença de Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica, fibromialgia e neuralgia do trigêmeo); causados por lesões ou disfunções secundárias do sistema nervoso, a exemplo do diabetes e sequelas de procedimentos operatórios, radioterapia e quimioterapia; e sem causas anatômicas, tal como a enxaqueca crônica, cefaleia em salvas, entre outras.

Entre os transtornos degenerativos da terceira idade, os mais conhecidos são o Alzheimer e a doença de Parkinson. No primeiro caso, as placas de beta amiloide extracelular, geram a morte de alguns neurônios. O resultado é desde a perda da memória recente até a demência total.

Já no segundo, há uma queda na produção da dopamina, um neurotransmissor que atua na transmissão de mensagens entre as células nervosas – e sua diminuição acarreta em várias sequelas que vão de fala, deglutição, caminhar, à coordenação e controle motor, especialmente dos membros superiores.

Tratando as doenças neurológicas

Entre os métodos de reabilitação, tanto a medicação como os procedimentos operatórios avançam anualmente a fim de impedir perdas comuns ao organismo na terceira idade. Além disso, buscam ainda devolver aspectos funcionais àqueles que tiveram limitações com a progressão das doenças, como quadros intensos de dor e problemas de movimentação.

“Todos os métodos são indicados de acordo com o perfil de cada paciente, sua rotina, histórico e se já trata outras disfunções. É necessário analisar se este idoso já usa algum medicamento para tratar uma artrite, que pode interagir e comprometer a eficácia de uma terapia para a dor, por exemplo”, explica o especialista.

Casos mais complexos ou resistentes podem contar com a neurocirurgia como aliada. Entre as técnicas disponíveis estão os neuromoduladores cerebrais, que podem ou não ser invasivos, totalmente reversíveis e que não promovem lesões estruturais.

“São métodos que auxiliam na reabilitação de rigidez, tremores e distonias, fazendo com que o indivíduo volte a ter uma movimentação normal. Eles ainda controlam a dor crônica, bem como a depressão refratária e adições, os vícios bioquímicos”, pontua Corrêa.

Como envelhecer com mais saúde?

Durante a pandemia, é preciso reforçar aos idosos a importância de respeitar as normas de segurança divulgadas pela Organização Mundial da Saúde, a OMS, como evitar aglomerações, não permanecer muito tempo em espaços fechados, fazer o uso da máscara e lavar as mãos sempre que possível.

Fora deste contexto, a unanimidade entre os médicos é que cultivar bons hábitos ao longo da vida influencia positivamente no retardamento de processos degenerativos. Destaca-se o já conhecido tripé da prática de exercícios físicos, alimentação equilibrada e atividade social.

“Isso não significa que o indivíduo acima dos 60 anos precisa se privar de beber uma taça de vinho ou comer algo mais gorduroso de vez em quando, mas fazê-lo com moderação. São medidas que também ajudam a desenvolver mais mobilidade e fortalecer o organismo, além de atuar na diminuição de quadros dolorosos, depressivos, entre outros”, finaliza Dr. Claudio.

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