‘Dilatação temporal’: quem se exercita sente tempo passar de forma mais lenta, aponta pesquisa


De acordo com análise feita com 30 participantes, a atividade física apresenta efeitos de dilatação temporal cronológica; entenda

Publicada na revista científica Brain and Behavior neste mês, uma pesquisa realizada pela Universidade de Canterbury Christ Church afirma que a percepção humana de tempo pode ser mudada pela frequência de atividade física empregada no cotidiano.

De acordo com o relatado, os indivíduos que se exercitam tendem a sentir o tempo mais lento em comparação ao momento em que estão em repouso ou após completar as séries propostas pela atividade. A metodologia empregada na análise buscou padronizar um determinado teste que pudesse medir a percepção do tempo de forma individualizada e que se aproxima do desempenho real.

O estudo esbarra em um conceito de tempo psicológico que se difere do cronológico, e que pode ser exemplificado por uma analogia proposta por Albert Einstein: o tempo parece mudar quando estamos ao lado de uma boa companhia em contraposto a algo tedioso. A análise dos pesquisadores diz ainda que o exercício físico então ajuda a distorcer a noção temporal, como se a cronologia atuasse de maneira diferente nessas ocasiões. O fenômeno pode ser sentido principalmente pelos atletas de alto rendimento, que precisam controlar métricas em relação aos competidores.

Ignorada em pesquisas anteriores, uma atualização buscada na recente publicação é o foco em esforços individualizados e de intensidade variável observados em esportes competitivos. Ou seja, agora é possível compreender como a percepção do tempo é afetada durante o exercício que reflete um ambiente competitivo.

“Há muito tempo estou interessado em saber como as pessoas percebem a passagem do tempo e se isso é impactado por eventos específicos. No caso do exercício, o tempo parece arrastar-se em certas circunstâncias e, noutras, move-se muito rapidamente. Fiquei intrigado ao examinar as implicações disso no desempenho e se isso provavelmente impactou tanto os resultados quanto a adesão”, disse o autor do estudo, Andrew Mark Edwards, professor e diretor da Escola de Psicologia e Ciências da Vida da Canterbury Christ Church University.

Com 33 participantes que mesclavam perfis moderados e altamente ativos em termos de atividade física, a pesquisa realizou testes de ciclismo com percursos de quatro quilômetros em pista fechada. Durantes as avaliações, a pesquisa apurou a percepção dos competidores em diferentes pontos: antes do exercício, durante e depois, com intervalos de 30 a 60 segundos em distâncias determinadas.

Dessa maneira, foi possível estimar que os atletas percebiam o tempo de maneira diferente enquanto estavam sob atividade física em comparação aos períodos ociosos. Ainda dentro dos resultados, também foi identificada a ausência de mudanças mediante a presença de concorrentes ou pela natureza da competição. Logo, há conclusão de que o ato do exercício em si que influencia principalmente na percepção temporal.

JORNAL O GLOBO

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