Regressão do desenvolvimento e depressão infantil durante a quarentena


Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é um transtorno mental que acomete mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo. Transtornos psiquiátricos, perda de um ente querido, crises na família e épocas de isolamento social, como a que estamos vivendo desde o início de 2020, são alguns dos fatores que podem desencadear o transtorno, seja em adultos ou crianças.

Apesar de raro, os casos de depressão infantil aumentam a cada dia. Dados revelados pela OMS mostram que esse transtorno é a principal causa da incapacidade em realizar tarefas simples do dia a dia entre jovens de 10 a 19 anos. Aqui no Brasil, estima-se que 1 a 3% da população entre 0 e 17 anos tenha algum quadro depressivo. E quem sofre com esse tipo transtorno pode desenvolver problemas nas mais diversas áreas da vida, como na escola, no trabalho ou no meio familiar.

Dados recentes do órgão de regulação e inspeção educacional do Reino Unido (Ofsted) mostram que a maioria das crianças regrediu em algum aspecto do desenvolvimento durante quarentena. Segundo o estudo, a faixa etária mais afetadas pela quarentena foi a do ensino infantil, principalmente em famílias que os pais trabalham fora de casa e não contam com tempo disponível para auxiliar as crianças nas tarefas da escola e do dia a dia.

De acordo com Ana Regina Caminha Braga, psicopedagoga especialista em gestão escolar, uma criança pode ficar tão deprimida quanto um adulto, o que muda é a forma como é interpretado este comportamento. “Pais e professores devem estar sempre atentos ao comportamento e as emoções da criança”, afirma. Ouvir as histórias, perguntar como foi o dia e tentar entender a mudança repentina de humor e atitudes são algumas das dicas para resolver o problema da melhor maneira possível.

No caso das aulas virtuais, crianças com quadro depressivo necessitam da ajuda de um profissional para encontrar o prazer em estudar. “O professor deve estar atento ao que acontece durante a aula, dando atenção e incentivando cada um de acordo com suas necessidades”, explica. Para a especialista, a atuação da equipe pedagógica também é de suma importância em todo esse processo. “O trabalho com essa criança tem que ser em conjunto. Só assim vamos conseguir possibilitar a recuperação efetiva da criança com depressão”, detalha.

Para os pais e responsáveis, as medidas são as mesmas: ter um olhar mais carinhoso e cauteloso, a fim de ajudar a criança no desenvolvimento de seu autoconceito em relação aos outros. “As crianças precisam de muita atenção. Elogie e incentive quando ela estiver fazendo alguma coisa. Ela precisa entender que é importante, que tem pessoas que gostam dela, que a respeitam e querem seu bem”, completa Ana Regina Caminha Braga.

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