SBP faz alerta sobre o uso saudável da tecnologia durante pandemia e possível aumento da “dependência virtual” em crianças e adolescentes


Para minimizar os impactos do uso excessivo da tecnologia durante a pandemia, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou duas novas publicações para orientar pais e responsáveis sobre como conciliar a rotina de crianças e adolescentes com a utilização saudável de smartphones, computadores e tablets. Em sua mobilização, a entidade reitera todas as recomendações sobre o tempo de exposição às telas indicado para cada faixa etária, chamando atenção para a possibilidade de dependência digital e agravamento dos prejuízos causados pelo consumo exagerado dessas mídias, especialmente durante a atual crise.

Conforme destaca a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, a entidade está atuando para alertar as famílias sobre os riscos inerentes a esse momento de tensão global, em que todos estão isolados em casa, em regime de adaptação. Na avaliação da pediatra, os pais devem redobrar especialmente os cuidados em relação à tecnologia e reavaliar a rotina dos filhos, para verificar se há extrapolação no uso de equipamentos digitais (TV, notebooks, celular e outros).

Para auxiliar os pais nessa tarefa, a nota de alerta “Recomendações sobre o uso saudável das telas digitais em tempos de pandemia da COVID-19 # BOAS TELAS # MAIS SAÚDE” elenca algumas sugestões para esse período de isolamento social. Segundo a publicação, é imprescindível equilibrar a rotina doméstica e estabelecer atividades múltiplas, principalmente fora das telas, para entreter, educar e desenvolver as habilidades dos filhos. Nesse contexto, os responsáveis devem reservar e delimitar um tempo para cada uma das áreas abaixo:

  • Afetividade: as crianças e adolescentes precisam conviver com amigos e demais parentes, mantendo ativo o círculo de afetividades. No entanto, é importante combinar um tempo mínimo e máximo para isto acontecer através das telas, sempre com algum acompanhamento.
  • Escola e atividades funcionais: o tempo dedicado às aulas, pesquisas e tarefas é variável em função da escola, dos equipamentos disponíveis e de outros fatores. É importante acompanhar a abordagem pedagógica e a qualidade de horas gastas com as aulas online. Estes fatos terão impacto no processo educacional e potencialmente na saúde, em casos de exageros.
  • Lazer: investir em jogos, brincadeiras e passatempos tradicionais. Os videogames, jogos online, filmes e aplicativos precisam ser sempre avaliados quanto à regularidade e à pertinência, conforme os critérios da Classificação Indicativa.
  • Convivência familiar: trocar experiências entre si, dialogar e conhecer. Este talvez seja o tempo mais precioso para observar e reconhecer o filho, em suas habilidades, valores, dificuldades e limites. Ocasião propícia para divisão de tarefas domésticas e criar novas formas de unir a família.
  • Saúde: respeitar as horas de sono adequadas para cada faixa etária e manter o horário habitual de ir para a cama; investir numa alimentação saudável e com horários pré-fixados para café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar, evitando ao máximo produtos ultraprocessados; e praticar ao menos uma atividade física regular, seja por meio de exercícios ou brincadeiras com movimentos ativos.

LEIA AQUI: Recomendações sobre o uso saudável das telas digitais em tempos de pandemia da COVID-19.

DEPENDÊNCIA DIGITAL – A preocupação com os possíveis agravos à saúde foi enfatizada no documento científico “Dependência virtual – um problema crescente #MENOS VÍDEOS #MAIS SAÚDE”. Na mais recente Classificação Internacional de Doenças (CID-11), a Organização Mundial de Saúde (OMS) já reconhece o vício em videogames ou jogos online como doença: gaming disorder.

Segundo a coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Saúde na Era Digital da SBP, dra. Evelyn Eisenstein, a falta de controle sobre o jogo (início, duração, frequência, intensidade), o aumento da prioridade dada ao ambiente virtual em comparação com outras atividades diárias e a continuidade ou aumento do uso, apesar das consequências negativas, são as principais características dessa nova doença.

LEIA AQUI: Dependência virtual – um problema crescente.

“Diante dos atuais acontecimentos globais e a pandemia, estamos ainda mais receosos com essa problemática. Os pais estão sobrecarregados e assim, inadvertidamente, acabam por admitir práticas exageradas que certamente trarão prejuízos para o desenvolvimento físico e psicológico dos seus filhos. Aparentemente inofensivos, os games são uma fonte recorrente de excessos. Não é razoável um jovem passar cinco ou seis horas por dia em jogos, mesmo na quarentena”, afirma a pediatra.

Na publicação da SBP sobre dependência digital, há uma extensa lista de problemas relacionados ao mau uso das tecnologias, entre eles: problemas de saúde mental, como irritabilidade, ansiedade e depressão; Transtornos do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH); transtornos do sono; transtornos de alimentação; sedentarismo; miopia e síndrome visual do computador; transtornos posturais e músculo-esqueléticos; e mais.

“Nesse momento de isolamento, as dificuldades de adaptação são compreensíveis. Além do cuidado com os filhos, há novos desafios para as famílias solucionarem, seja nos serviços domésticos diários ou home office. Por isso mesmo, os adultos devem atuar mais ativamente”, diz.

Conforme orienta a especialista, as relações humanas precisam prevalecer, norteadas por afeto e compreensão, para que essa fase difícil seja superada em conjunto. “A adequação no dia a dia depende sobretudo do bom senso dos pais, que precisam observar atentamente as recomendações dos pediatras e analisar a rotina da criança para minimizar possíveis agravos à saúde. Um adolescente em regime de Educação à Distância (EAD), que gasta outras quatro ou cinco horas diárias em redes sociais, pode desenvolver problemas graves”, frisa.

As recomendações expressas no Manual de Orientação #MenosTelas #MaisSaúde da SBP, publicado pelo  Grupo de Trabalho sobre Saúde na Era Digital da entidade, permanecem  vigentes e devem ser utilizados como base para orientar o uso de telas por crianças e adolescentes:

  • Evitar a exposição de crianças menores de dois anos às telas, mesmo que passivamente. *Liberado apenas para o uso afetivo (contato breve com avós e familiares) gerenciado pelos pais;
  • Limitar o tempo de telas ao máximo de uma hora por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre dois e cinco anos;
  • Limitar o tempo de telas ao máximo de uma ou duas horas por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre seis e 10 anos;
  • Limitar o tempo de telas e jogos de videogames a duas ou três horas por dia, sempre com supervisão; nunca “virar a noite” jogando para adolescentes com idades entre 11 e 18 anos;

Confira todas as orientações da SBP a respeito da COVID-19 e saúde pediátrica em: https://www.sbp.com.br/especiais/covid-19/

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *