Urticária não é emocional, mas o impacto da doença pode levar à depressão


Lesões avermelhadas e elevadas que aparecem e desaparecem sem deixar marcas, normalmente com duração de menos de 24 horas e que, na maioria das vezes, são acompanhadas de uma coceira intensa e quase insuportável, às vezes com sensação de ardor ou queimação. Assim vivem os mais de um milhão de pacientes com urticária.

A doença é classificada em aguda e crônica, sendo a única diferença o período de duração dos sintomas. A urticária crônica persiste por quase todos os dias e por mais de seis semanas. A urticária crônica pode ser induzida por fatores específicos como frio, calor, luz solar, aumento da temperatura corporal ou fricção na pele (urticárias induzidas), ou aparecer espontaneamente.  A urticária crônica espontânea (UCE) é a forma mais frequente de urticária crônica.

Os sintomas são causados pela histamina e, por isso, nos dois tipos de urticária, a primeira indicação de tratamento são os anti-histamínicos, preferencialmente os mais modernos, de segunda geração, que não provocam nenhum tipo de efeito colateral, como a sonolência.

“Nas urticárias agudas com sintomas moderados/graves, ou nas exacerbações das urticárias crônicas, podem ser indicados corticoides, sempre por períodos curtos de no máximo 10 dias, minimizando seus potenciais efeitos colaterais.  No entanto, nunca devemos tratar uma urticária crônica com corticoides”, explica Dr. Luis Felipe Ensina, diretor da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

Para o tratamento da UCE, em pacientes que não respondem aos anti-histamínicos, são indicados os tratamentos com imunobiológicos como o omalizumabe.  Uma pequena parte dos pacientes pode ser refratário ao omalizumabe e terão indicação da ciclosporina, um imunossupressor eficaz mas com risco de efeitos colaterais que devem ser monitorados a longo prazo.

Urticária e depressão – A urticária não é emocional, não é psicológica e nem ocorre por estresse. “Porém, quem tem urticária crônica, seja pelo prurido como pelo aspecto das lesões, acaba tendo a insegurança de não saber quando vai ter uma crise ou não. Isso causa impacto nos vários aspectos da vida social e afetiva. Tudo isso junto, em algumas pessoas, provavelmente naquelas mais predispostas, pode levar a quadros de depressão, por causa do impacto que tem na qualidade de vida como um todo”, conta Dr. Ensina ressaltando que não são todos os pacientes que terão depressão, pois muitos encaram muito bem a doença.

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