Vacinar grupos de risco da Covid-19 é insuficiente, aponta estudo nos EUA


Simulações feitas por cientistas da Universidade de Nova York sugerem que, para diminuir as mortes pelo Sars-CoV-2, é necessário vacinar muitas pessoas — e não abandonar medidas de isolamento e EPIs

Pesquisadores da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, desenvolveram uma plataforma de simulação capaz de criar modelos preditivos da Covid-19. O sistema se baseia nos dados referentes à cidade de New Rochelle, uma das primeiras a sofrer com a pandemia do novo coronavírus no país e considera as características e as tendências de comportamento humano ou padrões de mobilidade locais.

Em um dos testes realizados pela equipe, os cientistas descobriram que priorizar a vacinação de indivíduos de alto risco para desenvolver formas graves da doença tem apenas um efeito marginal no número de mortes causadas pelo Sars-CoV-2.

Em um artigo publicado na última segunda-feira (18) na revista Advanced Theory and Simulations, os estudiosos explicam que, para obter melhorias significativas no índice de fatalidade por Covid19, uma fração muito maior da população da cidade deve ser vacinada.

Os cientistas observaram a importância que as medidas restritivas tiveram durante a primeira onda da doença: a simulação mostrou que, quando impostas, a eficácia do isolamento social e outras determinações supera a dos cenários em que há vacinação seletiva. Por isso, os pesquisadores ressaltam que, mesmo com uma vacina disponível, o distanciamento, as máscaras e as restrições de mobilidade ainda serão ferramentas essenciais para combater a pandemia.

No estudo, os especialistas também explicam por que focar em uma cidade do tamanho de New Rochelle (79 mil habitantes) foi crucial para a pesquisa. “Escolhemos New Rochelle não apenas por causa de seu lugar na linha da tempo Covid-19, mas porque as modelagens baseadas em agentes para cidades de médio porte são relativamente inexploradas, apesar dos EUA serem amplamente compostos por essas [médias] e pequenas cidades”, diz Maurizio Porfiri, líder do estudo, em comunicado.

Uma característica única do sistema de modelagem, de acordo com os pesquisadores, é a possibilidade de explorar diferentes abordagens de testagem para infecção pelo novo coronavírus e avaliar estratégias de vacinação que priorizam grupos vulneráveis. “Achamos que a tomada de decisão pelas autoridades públicas poderia se beneficiar desse modelo, não apenas porque é um sistema aberto, mas porque oferece uma resolução refinada no nível do indivíduo e uma ampla gama de recursos”, observa Porfiri.

REVISTA GALILEU

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